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Estado tem de responsabilizar por políticas de cuidados à população

21.jun.2024 – Por Norian Segatto

Nesta segunda, 23 de junho, comemora-se o Dia Mundial dos Serviços Públicos e a ISP – Internacional de Serviços Públicos, federação mundial da qual o SinPsi é filiado, apresenta a campanha “Se o cuidado é para todxs, é público”, como forma de chamar a atenção para a importância do acesso universal a serviços de cuidados públicos, independentemente da situação econômica de cada indivíduo.

Segundo o site da ISP, “o foco da campanha é o reconhecimento e a dignidade dos prestadores de cuidados. Estes trabalhadores essenciais enfrentam frequentemente remunerações inadequadas e más condições de trabalho. A campanha defende salários justos, condições de trabalho dignas e reconhecimento adequado para elevar o estatuto dos prestadores de cuidados, garantindo que sejam respeitados e valorizados pelas suas contribuições”.

Capa de revista lançada em 2023

Segundo a entidade, na maioria dos países da América Latina e Caribe, os sistemas públicos de assistência social (como cuidados a idosos, pessoas com deficiência, pessoas em situação de vulnerabilidade etc.) são praticamente inexistentes, ficando a cargo de empresas e iniciativas privadas, que, muitas vezes, acabam precarizando o trabalho desse/dessa cuidadora. Isso sem contar os altos valores que são cobrados, o que torna inviável para a maioria da população.

Esse é o caso de Violeta (nome fictício), moradora do bairro Bela Vista, em São Paulo, que tem a mãe idosa e com Alzheimer, necessitada de cuidados constantes. Como não tem condições de bancar uma equipe de cuidadores/as, Violeta teve de parar de trabalhar, trazer sua mãe para morar com ela em um pequeno apartamento de dois quartos, que divide com o marido e o gato Frajola. “Minha vida virou de ponta cabeça, mesmo remotamente quase não consigo trabalhar, o que era escritório virou quarto para minha mãe, o salário do meu marido não dá para todas as despesas, praticamente não saio mais de casa e perdi muito de meu círculo social; é difícil até para chamar um casal de amigos para ir em casa, que se tornou um misto de hospital e casa sempre bagunçada. A situação é desesperadora, mas não há outra saída, não temos como deixar em um asilo, nem contratar cuidadoras em tempo integral e eu não vou abandonar minha mãe, né”, desabafa com visível ar de cansaço.

Para o SinPsi e a ISP, é primordial que o Estado tenha políticas públicas eficazes para garantir a assistência a quem necessita. “No caso do Brasil, por exemplo, só o que o governo destina para comunidades terapêuticas seria suficiente para dar um impulso no cuidado a pessoas nessa situação”, avalia a diretora do Sindicato, Fernanda Magano

Acesse o site da ISP, saiba mais sobre a campanha e como participar, divulgando a campanha nas redes sociais e assinar o manifesto Reconstruir a organização social do cuidado” que pede “que os Estados considerem os cuidados como um bem público e uma responsabilidade social coletiva, em vez de uma responsabilidade doméstica ‘privada’, que recai principalmente sobre as mulheres”.

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