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‘Há que lutar pela vida’, diz Mujica a Nobel da Paz, no congresso da CSI

O terceiro e último dia do conselho geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), na capital paulista, teve um rápido encontro entre o senador e ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica e o secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores da Tunísia (UGTT), Houcine Abassi, um dos vencedores do Prêmio Nobel deste ano. “Hay que luchar pela vida”, disse Mujica ao dirigente. Pouco antes, o líder uruguaio declarou ao plenário que o movimento sindical deve se organizar para combater um mundo dominado pelo capital financeiro. “É uma civilização cuja única governança é o mercado”, afirmou.

“Nunca houve tanta concentração de riqueza e de injustiça”, acrescentou o ex-presidente, diante de uma plateia de aproximadamente 200 sindicalistas de todas as regiões – presidida pelo brasileiro João Felício, a CSI tem 328 organizações filiadas em 162 países e territórios, representando 176 milhões de trabalhadores. “Espero que os trabalhadores do mundo sindical, seja europeu, asiático, africano, latino-americano ou da América do Norte, se deem conta que cabe a eles a responsabilidade de mudar isso”, disse Mujica. Segundo ele, a “passividade” fará com que se agrave a situação não apenas dos trabalhadores, “mas da espécie humana”.

Não se trata de uma disputa partidária, mas uma discussão relacionada ao destino da humanidade, insistiu o senador e ex-presidente. “Não pensem só em vocês, pensem na geração que virá e o que deixaremos para ela. Se o capital financeiro não tem pátria nem bandeira, e nem se senta nas Nações Unidas, é preciso que aqueles que têm pátria defendam a vida.”

Da mesma forma, a questão não é meramente sindical. “Não se pode viver sem esperança. Não se vive apenas de salário.” Segundo Mujica, é preciso buscar a liberdade e a convivência com a diferença de pensamentos. Mas sempre manifestando suas posições. “Há de se transformar o egoísmo em solidariedade. Os trabalhadores têm de ter compromisso, opinião, e não podem ser espectadores na luta pelo poder.”

O ex-presidente do Uruguai participará amanhã (13) à noite do ato de abertura do 12º Congresso Nacional da CUT (Concut), também em São Paulo, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pela manhã, será realizado um seminário internacional.

O tunisiano Abassi foi um dos destaques do encontro da CSI. “Este ano o prêmio (Nobel) não foi para um intelectual, um político ou uma organização não governamental. Foi concedido à sociedade civil, em um país em desenvolvimento”, destacou a secretária-geral da entidade, Sharan Burrow. “É um honra para minha organização, porém é um prêmio a todo movimento sindical”, disse o dirigente da UGTT.

O prêmio da Academia, divulgado na última sexta-feira (9), foi dado a quatro entidades que atuaram conjuntamente pela reorganização democrática no país africano: a UGTT, a Utica (entidade patronal), a Ordem Nacional dos Advogados (Onat) e a Liga Tunisiana de Direitos Humanos (LTDH), que formam o Quarteto de Diálogo Nacional. Abassi, que pediu uma “solução humanitária de urgência” para a questão dos refugiados, atribuiu a premiação ao reconhecimento dos que lutam por regimes democráticos estáveis e pela paz.

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