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Idosos marcham em São Paulo contra todas as formas de violência

Com fitas roxas, eles cobraram o fim das agressões explícitas ou veladas, como o preconceito, e reivindicaram políticas públicas de atendimento

Idosos marcharam pelas ruas de São Paulo nesta sexta-feira (15) contra a invisibilidade, o preconceito e todas as formas de violência. Com fitas roxas, manifestantes foram até a sede da prefeitura para marcar o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa.

Além das agressões físicas que sofrem nas ruas, no trânsito e até mesmo em casa, eles também denunciaram outras formas de violência, como a apropriação indevida das aposentadorias por familiares, o assédio de instituições financeiras que insistem na oferta de crédito consignado, o desrespeito aos lugares especiais nos transportes públicos, as más condições das calçadas e até mesmo a fome e a desnutrição.

“É fundamental dizermos para todos que as pessoas idosas sofrem violência”, afirmou a presidenta do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (Olhe), Marília Viana, que destacou a violência psicológica sofrida pelos mais velhos, rotulados de “incapazes, chatos, pobres e doentes”. Ela também cobrou que o Brasil ratifique a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos, criada em 2015 e que, desde então, está parada no Congresso Nacional.

Outra questão importante, segundo a presidenta do Olhe, é a necessidade de atualização de resolução da Anvisa que regulamenta o funcionamento das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Segundo Marília, a atual norma está defasada, mais preocupada com medidas e especificações técnicas do mobiliário a ser utilizado nas instalações do com a qualidade do atendimento prestado.

“A gente precisa transformar as ILPIs em lugar para morar, um lugar de direitos”, ressaltou Marília, que também cobrou maior fiscalização sobre asilos clandestinos, além da ampliação da oferta de instituições públicas de cuidados aos idosos. Segundo ela, hoje a oferta está concentrada em instituições privadas que chegam a cobrar preços “exorbitantes”, inacessíveis a maioria.
Descaso

O ex-ministro da Previdência Carlos Gabas afirmou que a omissão do Estado em políticas de proteção ao idoso – que inclui moradia digna, saúde, transporte, lazer etc. – também é outra forma de agressão àqueles que deveriam ser tratados como “pérolas e tesouros”. A tentativa de desmonte da Previdência pelo governo Temer também foi classificada por ele como outra prática violenta.

O coordenador do projeto Brasil Socioeconômico, Luiz Cláudio Marcolino, destacou a falta de políticas públicas para os idosos nos níveis estadual e municipal. “Não há projetos para atender o idoso da nossa cidade e do nosso estado em áreas como habitação e mobilidade. Temos hoje uma sociedade que está passando por um processo de envelhecimento, e não há a devida preocupação com esse tema.”

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