Como convidada do programa ‘Entre Vistas’, da TVT, psicanalista e escritora defendeu a desmilitarização das polícias estaduais para que o problema da violência seja enfrentado de fato
Para a psicanalista e escritora Maria Rita Kehl, o Rio de Janeiro precisa de políticas públicas de inclusão e não de uma intervenção militar para enfrentar o problema de segurança pública na cidade. “Desmontaram as UPPs e os jornais reproduzem o fracasso delas, mas não foram um fracasso quando começaram. Faltou dinheiro, e elas foram abandonadas, mas o projeto das UPPs é pacificador e civilizador, se se contar que a polícia tem de ser civilizada no Brasil”, defendeu.
A psicanalista foi a convidada do Entre Vistas, na TVT, nessa terça-feira (20), para conversar com o jornalista Juca Kfouri, que apresenta o programa. Ela fez as críticas à intervenção no Rio por conta do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, no dia 14 de março. Ao responder questão de Kfouri sobre o fato de o país estar intolerante, apesar de toda a violência histórica desde o período colonial, a psicanalista partiu da falta de legitimidade do governo Temer até comentar a necessidade de desmilitarização das polícias estaduais.
“Nós temos uma ilegitimidade no poder atualmente que vem do presidente da República”, apontou. “Se Dilma caiu por causa da crise econômica, essa crise continua aí, teve um aumento de 0,1% do PIB e todos ‘ai, que sucesso do governo Temer’.”
Sobre a desmilitarização das polícias, ela lembrou que essa ideia foi uma recomendação do trabalho da Comissão Nacional da Verdade, instituída no governo de Dilma Rousseff. “Mas ela (polícia) segue militarizada e isso é uma barbaridade, é o único país, entre os que tiveram ditaduras militares, onde a polícia segue militarizada. Uma polícia militar é uma polícia preparada para a guerra e ela não guerreia aqui onde estamos, mas nas favelas, nas periferias.”
O programa teve também as participações da presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, e do presidente do Conselho Federal de Psicologia, Rogério Janine.
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