População de São Paulo enfrenta rodízio extraoficial e há falta de transparência
No dia 13 de outubro, o Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo e o Coletivo de Luta pela Água farão um ato para entregar o prêmio Falta D’Água ao governador de São Paulo, a partir das 16h, na Praça do Patriarca, no centro da capital.
Com bom humor, a atividade tem caráter de protesto contra a entrega do Prêmio Lúcio Costa de Mobilidade, Saneamento e Habitação, que será destinado no mesmo dia a Geraldo Alckmin, pela Comissão de Desenvolvimento da Câmara dos Deputados, em Brasília, às 20h, durante o 3º Seminário Internacional de Mobilidade e Transportes.
A indicação de Alckmin foi feita pelo deputado federal João Paulo Tavares Papa (PSDB), em meio à maior crise hídrica da história do Estado de São Paulo. O governador foi escolhido para o prêmio na categoria Personalidades, considerado ilegítimo por mais de 100 entidades, dentre as quais estão CUT, CTB, Movimento dos Atingidos por Barragens, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Central de Movimentos Populares.
Não é de hoje que o governo é responsabilizado pela falta de planejamento no setor. As críticas já foram feitas por promotores de Justiça, Tribunal de Contas, Agência Nacional de Águas, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e até mesmo pela relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para Água e Saneamento, Catarina de Albuquerque, que esteve no Brasil no ano passado e culpou o governo pela crise hídrica pela qual o estado passa.
Coordenador da Frente Nacional de Saneamento Ambiental, Edson Aparecido da Silva afirma que a crise se agrava a cada novo período. “As obras que o governo prometeu para socorrer o sistema Cantareira estão em atraso e não sabemos se serão suficientes para amenizar o impacto da seca no Alto Tietê, que é terceiro manancial mais importante da região metropolitana, sem falar da ausência de estudos de impacto ambiental”.
O presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, alerta também sobre interesses econômicos na área. “Muitos relatórios apontaram no passado o que o governo de São Paulo deveria ter feito, mas ele foi omisso e agora vemos um rodízio extraoficial. Por outro lado, sabemos dos lucros da Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo] como empresa de capital aberto e de economia mista, que tem ações na Bolsa de Valores de São Paulo e de Nova York”, ressalta.
Silva lembra ainda sobre os impactos à saúde das pessoas. “A pressão da rede é reduzida e, quando o abastecimento é retomado, a possibilidade de existir contaminação é muito grande. E não vemos articulação entre secretarias para resolver a situação. Outra questão é que os municípios já reivindicaram ao estado um plano de emergência para enfrentar a crise, mas até agora o governo não apresentou isso”, pontua.
Serviço
Entrega do prêmio Falta D’Água a Alckmin
Quando:13 de outubro
Horário: 14h
Local: Praça do Patriarca, próximo às estações Sé e São Bento do Metrô