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Mulheres protestam em São Paulo após agressão a sindicalista

Trabalhadoras repudiam agressão a dirigente agredida que entregava boletim

Nesta terça-feira (30), mulheres de diversos sindicatos de São Paulo estiveram em frente à Delegacia de Defesa da Mulher de Diadema para protestar e acompanhar a dirigente do Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema (Sindema), Rosa Souza, que, na segunda-feira (29), foi agredida por um médico enquanto entregava materiais formativos aos trabalhadores e trabalhadoras do Hospital Quarteirão da Saúde, na cidade de Diadema, na região do ABC, no estado de São Paulo.

A história começou durante a atuação da dirigente sindical na tarde de ontem. Rosa entrou no hospital perto das 16h30 e, como de costume, andava pelos corredores do pronto atendimento dialogando com a base e deixando o jornal da entidade com informações sobre a campanha salarial e assembleia no próximo dia 1º de junho. Ao entregar a publicação para um grupo de funcionários, o médico menosprezou a atuação do sindicato. Perto de meia hora depois, ela continuou fazendo o seu trabalho e, ao reencontrar o médico, “ele estava alterado”, segundo Rosa, discordando sobre as posições políticas da dirigente, depois amassou o jornal, ofendeu com palavras, colocou o dedo em seu rosto, apertou seu braço e a empurrou dentro da unidade. 

Rosa registrou um boletim de ocorrência e, acompanhada das outras dirigentes, cobrou punição ao médico. “Num primeiro momento, a sensação é de frustração e de humilhação e parece ser individual, mas sabemos que é um problema coletivo. Quantas mulheres devem ter sido ofendidas por este médico. Ele já sofre um processo de assédio moral de uma colega de trabalho dele, ou seja, há um histórico. Faço agora um boletim de ocorrência com plena consciência porque é meu dever fazer esta denúncia em nome de todas as mulheres donas de casa, trabalhadoras, militantes, sindicalistas. É preciso em nome de todas nós dar um basta a esta relação machista”, disse a dirigente.

Segundo a delegada Renata Lima de Andrade Cruppi, a partir do boletim será feita abertura de inquérito policial e testemunhas serão ouvidas. “Diante das investigações que faremos a partir de agora será possível, inclusive, identificar novas vítimas. Por isso, este posicionamento da Rosa é importante para encorajar outras mulheres a também denunciarem situações vexatórias, de violência física, sendo ou não de violência doméstica”, alerta.

Um abraço solidário foi dado em Rosa hoje em frente à delegacia e sindicatos cutistas de São Paulo e do ABC lançaram nota de apoio e repúdio à violência, relata a secretária da Mulher Trabalhadora na CUT Brasil, Juneia Batista.

“Houve desrespeito à liberdade e à organização sindical. Não bastasse isso, o médico aplicou violência moral, psicológica e física, ou seja, a explícita violência sexista. Iremos acompanhar toda a investigação que será feita a partir de agora porque a nossa luta não acaba por aqui. Em todos os espaços de controle social iremos denunciar a atitude deste médico até que ele perceba a absurda violência que praticou”, garante.

Pesquisa Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança no Dia Internacional da Mulher deste ano, mostra que uma em cada três mulheres sofreram algum tipo de violência em 2016. Só nos casos envolvendo agressão física foram 503 vítimas a cada hora no Brasil.

A CUT Brasil e a CUT São Paulo divulga nota repudiando a violência contra as mulheres, em solidariedade à dirigente e pelo direito à autonomia sindical. Confira abaixo.

Contra a violência às mulheres e a intolerância política

A CUT Brasil e a CUT São Paulo repudia a violência e o desrespeito de um médico que agrediu física e verbalmente a diretora do Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema (Sindema), Rosa Souza, nessa segunda-feira (29/05), enquanto ela fazia seu trabalho sindical entregando materiais formativos e dialogando com trabalhadores e trabalhadoras da base, no Hospital Quarteirão da Saúde, na cidade de Diadema.

Não bastasse ele não concordar com as posições políticas de Rosa, amassou o jornal e a ofendendo com palavras, colocou o dedo em seu rosto, empurrou-a e apertou seu braço.

Não é de hoje que a violência atinge as mulheres de diferentes maneiras. E nossa luta é justamente para superarmos esta contradição intrínseca nas relações patriarcais e machistas que vemos todos os dias e que tendem a se acentuar em tempos de golpe quando o clima fascista impera.

A CUT  alerta que autonomia e responsabilidade sindical devem ser respeitadas e o hospital deve responder por isso, garantindo que o dirigente sindical exerça seu trabalho de base. E exige que a Prefeitura de Diadema tome providências diante desta violência, bem como atitudes cabíveis com relação à postura deste profissional que lida com vidas humanas.

São Paulo, 30 de maio de 2017

CUT Brasil e CUT São Paulo 

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