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Nas periferias brasileiras, 43,8% das mulheres já sofreram assédio no transporte, aponta pesquisa

Estudo, elaborado pela organização humanitária ActionAid, indica ainda que 71% das mulheres entrevistadas evitam sentar no fundo do ônibus para impedir ataques

Nas periferias brasileiras, 43,8% das mulheres já foram vítimas de algum tipo de assédio enquanto utilizavam o transporte público. Os números estão em um relatório elaborado pela organização humanitária ActionAid, que ouviu 306 mulheres, entre setembro e outubro de 2013, em comunidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Das 50 moradoras de Heliópolis, na capital paulista, entrevistadas na pesquisa, todas afirmaram já ter sofrido assédio no transporte coletivo. No Complexo da Maré, zona norte do Rio, a média atinge os 66%. Segundo o levantamento, a maioria das mulheres adota, em seu cotidiano, medidas para tentar impedir o abuso: 71% delas declararam, por exemplo, evitar sentar no fundo do ônibus.

O tempo de espera pelo transporte foi citado como fator de aumento da insegurança por quase oito entre cada dez entrevistadas. A maior parte aguarda até 50 minutos pela chegada da condução, sendo que em Upanema, no Rio Grande do Norte, o período é o maior entre todos os municípios visitados.

O transporte público não foi o único serviço analisado pelo estudo. Outros, como educação, moradia, iluminação e policiamento também foram questionados pelos pesquisadores. Em relação ao último, pouco mais da metade das mulheres disse já ter sido alvo de assédio praticado por policiais – em uma comunidade em Pernambuco, o número chega a 84%.

O relatório integra a campanha Cidades Seguras para as Mulheres, promovida pela ActionAid e apoiada por organizações feministas, como a Marcha Mundial das Mulheres (MMM) e Associação de Mulheres Brasileiras (AMB). A ação foi lançada na última sexta-feira (8), durante a abertura do Fórum Nacional de Reforma Urbana, que ocorreu na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

“Queremos chamar atenção para a relação entre a qualidade dos serviços públicos em iluminação, transporte, policiamento, moradia e educação, e a insegurança das mulheres nas cidades. A precariedade desses serviços agrava a vulnerabilidade das mulheres à violência”, defendeu no evento Gabriela Pinto, representante da ActionAid.

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