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No mês da Consciência Negra, bancários promovem exibição gratuita do documentário ‘Raça’

Desigualdade entre negros e brancos no Brasil é apresentada a partir da história de três personagens

Em sessão pipoca aberta ao público, trabalhadores e trabalhadoras de diferentes regiões da cidade de São Paulo se reuniram na noite dessa quarta-feira (7), no Sindicato dos Bancários de São Paulo, no centro da capital paulistana. O auditório, com capacidade para 80 pessoas, estava lotado.

A mostra promovida pelo Cineb, um projeto em parceria entre o sindicato e a Brazucah Produções, apresentou o documentário “Raça” (2013), de Joel Zito Araújo e Megan Mylan, que trata da desigualdade entre negros e brancos no Brasil, a partir da história de três personagens: Miúda dos Santos, liderança da Comunidade Quilombola de Linharinho, no Espírito Santo; o cantor Netinho e o senador petista Paulo Paim, autor do projeto original do Estatuto da Igualdade Racial.

Em seis anos de projeto, filmes brasileiros foram apresentados a 33 mil espectadores, em 260 exibições, em espaços comunitários ou em universidades.

Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, o objetivo é levar o cinema nacional para perto das pessoas. “Nosso sindicato é cidadão, o que quer dizer que ele não atua só na negociação salarial, mas pensa também nas comunidades onde os trabalhadores vivem, os quais precisam de saúde e educação, e também de acesso à cultura”.

Depois da exibição, o público participou de debate sobre a temática, com a contribuição do historiador Hakon Jacino, especialista em História Africana, e da secretária de Relações Sindicais e Sociais dos bancários, Maria Rosani Gregoruti Hashizumi.

Em diálogo coletivo com público variado, se destacaram a representação da cultura negra a partir dos quilombos, como forma de renascimento das cantigas religiosas e da luta pela terra; o fato de um dos personagens negros ter tido ascensão econômica e profissional e, mesmo assim, não ter se esquecido das suas origens; e o envolvimento, ou não, das autoridades no Congresso, a favor ou contra o povo negro.

Maria Rosani destacou os desafios para se mudar os padrões e a realidade na questão racial. “Sabemos que é difícil colocar em prática leis como a 10.639, de 2003, que obriga a história e cultura do povo negro nas escolas”, afirma.

Para a servidora pública da Fundação Casa, Marlene da Conceição, sobre o tema racial é preciso observar questões que aparentemente são invisíveis. “Temos nove mil jovens cumprindo medidas sócio-educativas, dos quais 70% são negros”, relatou.

A professora doutora em Ciências da Comunicação, Rosangela Malachias, destacou nesse sentido o papel da mídia, a partir da realidade apresentada no documentário. “Os veículos da grande imprensa não divulgam a realidade das pessoas, do povo negro. A comunicação distorce a realidade dos povos tradicionais, quilombolas e indígenas. Isso é para a gente perceber como se dá o acesso à democratização da mídia”, questionou.

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