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Nota de posicionamento do CRP SP contra a intervenção violenta do Estado na região da Cracolândia

O Conselho Regional de Psicologia da 6a. Região – São Paulo (CRP-06), autarquia integrante do Sistema Conselhos de Psicologia (Federal e 23 regionais), responsável pela orientação, fiscalização e regulação do exercício profissional da Psicologia, compromissado com a defesa da dignidade da pessoa humana e com cultura de direitos humanos como orientadores éticos mínimos da ciência e profissão, recebeu com severa preocupação os informes dando conta de mais uma intervenção violenta do Estado na cena pública de uso de substâncias psicoativas/drogas (vulgarmente conhecida como Cracolândia, na região da Luz e Bom Retiro, no centro de São Paulo). Conforme consta em notas de jornais, restam dessa ação um clima de terror e diversas pessoas feridas.

Seguindo a cultura da operação Sufoco (Dor e Sofrimento), a violência de Estado, via forças de Segurança Pública, não poupou ninguém. Pessoas em situação de uso problemático de drogas, trabalhadoras/es e demais transeuntes foram, uma vez mais, expostas/os a uma intervenção brutal. Na condição de Conselho responsável pelo rigor ético e zelo pelo exercício profissional, preocupamo-nos com aqueles/as trabalhadores/as, sobremaneira Psicólogas/os, atuantes em cenário tão denso, severo e complexo. Essa reiterada e pouco inteligente intervenção do Estado expõe trabalhadores/as, usuários/as e demais cidadãs/ãos a riscos e agravos até maiores que aqueles alardeados pela vetusta cultura proibicionista. O Estado, uma vez mais, se volta contra seu povo.

O estupor é ainda maior quando recordamos que há pouquíssimos dias, na sede do Ministério Público de São Paulo, na presença de diversos conselhos profissional (entre outros Cremesp, Crefito e o próprio CRP), conselhos de políticas públicas (Comuda e Coned) além de membros dos órgãos do Sistema de Justica (Ministério Público de São Paulo e Defensoria Pública do Estado de São Paulo) e de diversas entidades e coletivos militantes e atuantes na seara das políticas públicas sobre drogas e defesa de direitos, a atual gestão municipal se comprometeu em não fazer uso de intervenção tão violenta.

Nos solidarizamos às/aos Psicólogas/os e demais profissionais que foram expostos a mais essa intervenção violenta do Estado. O desrespeito à autonomia e ao exercício profissional são evidentes. Também nos solidarizamos com usuários, moradores e demais transeuntes expostos às intempéries de um Estado incapaz de atuar com inteligência e precisão.

Já buscamos contatos juntos à gestão municipal. Aguardamos a mais rápida resposta.

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