O DIEESE produziu nota técnica sobre as lições que o Brasil pode tirar do avanço das desigualdades no países desenvolvidos. “O aprofundamento das desigualdades econômicas e sociais alcançou, no período recente, o posto de uma das maiores preocupações globais. Em levantamento realizado em novembro de 2013 pelo Fórum Econômico Mundial, por exemplo, o aumento das disparidades de renda foi classificado pelas elites econômicas globais como o segundo maior desafio a ser enfrentado nos próximos meses, atrás somente do crescimento das tensões sociais no Oriente Médio e no norte da África.
Nesse mesmo sentido, pesquisa realizada pelo Pew Research Center aponta que a desigualdade é uma preocupação mundial, comum às nações ricas, de renda média ou em desenvolvimento: em 31 dos 39 países pesquisados, a metade ou mais dos entrevistados revelaram que a desigualdade é um grande problema em seu país. Ademais, em 35 países do universo pesquisado, ao menos metade dos entrevistados indicaram que as desigualdades têm aumentado nos últimos anos. Pior, na maior parte deles a desigualdade é vista como um problema intrínseco ao sistema econômico vigente no país e não um problema de curto prazo.
De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), em 2011, aproximadamente oito de cada dez pessoas da região tinha a percepção de que a distribuição da renda em seu país era injusta ou muito injusta.
Apesar de a aludida preocupação com a distribuição da renda ter uma dimensão nitidamente global, como atestam diversas pesquisas, convém ressaltar que, de fato, não há uma tendência única a esse respeito em todas as regiões do mundo: se, por um lado, as desigualdades têm aumentado, de uma forma geral, nos países desenvolvidos, asiáticos e africanos, por outro lado, um movimento oposto tem sido assinalado nos países latino-americanos no período mais recente (ainda que seus níveis de desigualdades se situem em um patamar elevado).
Nesse cenário, é lícito reconhecer que a elevação das desigualdades nos países de capitalismo avançado tem atraído um maior interesse de análise, principalmente porque eles representam um exemplo concreto de experiência de desenvolvimento capitalista que conteve em limites estreitos as desigualdades, subproduto direto, por sua vez, da construção e da consolidação de estruturas de proteção social e da aplicação de um receituário econômico de inspiração keynesiana.
Assim sendo, a presente nota técnica tem como objetivo refletir sobre as desigualdades econômicas e sociais nos países desenvolvidos, em especial sua evolução recente, os principais determinantes e consequências. A partir daí, a título de conclusão, procurar-se-á extrair lições que poderiam servir de inspiração para o caso brasileiro, muitas vezes citado, e com razão, como um exemplo exitoso de redução das desigualdades nos anos mais recentes, mas que ainda ostenta a posição de uma das nações mais desiguais do mundo.”
Leia a nota técnica completo do DIEESE neste link.