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Ocupação feminina cresce 24% em uma década, mostra IBGE

Rio de Janeiro – O nível de ocupação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro apresentou um salto considerável na última década. Em 2000, 35,4% das mulheres tinham uma ocupação, número que aumentou para 43,9% em 2010, uma diferença de 24%. O desempenho foi sete vezes maior do que o masculino, que também cresceu no período, de 61,1% em 2000 para 63,3% em 2010: uma diferença de 3,5%.

Em 2010, o nível de ocupação no país [pessoas ocupadas na semana de referência, com 15 anos ou mais] registrou um índice de 58,9%, com ênfase nas regiões Centro-Oeste (64%), Sul (65,8%) e Sudeste (60,2%). As regiões com menores níveis de ocupação foram a Norte (55,9%) e a Nordeste (52,5%).

A expansão dos índices de ocupação, ao longo da última década, foi desigual entre as áreas urbanas e rurais, demonstrando que a criação de empregos está cada vez mais concentrada nas cidades, com pequeno crescimento no campo. Segundo o IBGE, de 2000 a 2010, o nível de ocupação urbana subiu de 47,6% para 53,8%, enquanto no ambiente rural houve aumento bem menor, de 49,6% para 50,7%.

Na década, tomando-se a população ocupada a partir dos 10 anos de idade, as regiões que mais contribuíram com trabalhadores para o mercado foram a Sul, com 53,3% em 2000 para 60,1% em 2010, e a Centro-Oeste, de 51,3% para 57,9%. O Sudeste, que concentra a grande maioria da força de trabalho nacional, saiu de 48,7% de ocupação em 2000 para 54,8% em 2010, em um incremento de 6,1%.

A Região Norte teve crescimento mais modesto. Saiu de 45,3% em 2000 para 49,4% em 2010, uma diferença de 4,1 pontos percentuais. O pior desempenho coube ao Nordeste, cujo índice de pessoas ocupadas chegava a 43,6% em 2000 e passou para 47,2% em 2010, em um crescimento de 3,6 pontos percentuais.

Na ocupação na área rural, o Nordeste foi a única região que registrou decréscimo, saindo de 46,2% em 2000 para 45,2% em 2010.

Deslocamentos

Entre 2000 e 2010, o número de pessoas que estudavam ou trabalhavam em um município diferente do qual moravam subiu 93,9%. Eram 7,3 milhões de pessoas e passaram a ser 14,3 milhões.

O pesquisador do IBGE Cláudio Stenner explica que a análise do último censo é diferente do levantamento anterior por separar a pergunta sobre trabalho da questão referente ao estudo, além de excluir menores de dez anos. Mesmo assim, o incremento foi grande.

“Parte desse aumento, claro, decorre do próprio aumento da população, parte é explicada pelo aumento do emprego formal, parte pelo aumento do processo de metropolização, ou mesmo do crescimento urbano do interior também, o crescimento econômico em geral”, explicou.

Na análise do deslocamento, das quase 60 milhões de pessoas que frequentavam escola ou creche em 2010, 7,2% iam para outro município, proporção que aumenta junto com o nível de escolaridade. Desse total, apenas 2% frequentam creche, 29,2%, curso superior de graduação e 32,6%, aulas de especialização de nível superior, mestrado ou doutorado. Se destacam também os 7,3% matriculados em alfabetização de jovens e adultos.

De acordo com Stenner, esse deslocamento para estudo depende muito da oferta e também da qualidade do curso. “Quando você tem um elevado percentual de pessoas que frequentam escola ou creche em outro município, o primeiro significado que se tem é que aquele curso e aquele serviço têm uma ocorrência no território mais rara, não existe em qualquer lugar. Então, isso faz com que as pessoas tenham que se descolar para outro município para frequentar o curso desejado. Isso é mais comum em curso superior, de pós-graduação, de especialização, mestrado e doutorado.”

A análise destaca também que quanto maior o rendimento maior a proporção de deslocamento. Nas residências com rendimento per capita de até um quarto de salário mínimo, 3,3% das pessoas que frequentavam escola ou creche faziam o deslocamento intermunicipal diariamente. Na faixa acima de cinco salários mínimos, o índice sobe para 15,9%, com destaque para moradores da área rural nessa faixa de rendimento, onde a taxa chega a 32,8%.

O deslocamento diário intermunicipal para ir trabalhar é feito por 12,8% das pessoas, com concentração no grupo entre 20 e 39 anos de idade. Para o pesquisador do IBGE, o fenômeno é consequência do crescimento das áreas urbanas.

“O deslocamento para trabalho mostra muito o fenômeno da metropolização, ou mesmo de algumas cidades médias que apresentam processo de conurbação, as áreas urbanas vão se juntando mesmo. O número [de pessoas que se deslocam] é muito grande. São mais de 10 milhões de pessoas, isso, evidentemente, vai ter um impacto forte no planejamento de transporte das regiões metropolitanas”, informou o pesquisador.

Stanner destaca que o deslocamento também reflete fatores não investigados pelo censo, como a distribuição desigual dos postos de trabalho com relação às áreas de residência, o preço do solo urbano e o aumento do emprego formal, que “faz com que seja possível a pessoa morar em outro município com relação ao trabalho, porque o custo do transporte está embutido no contrato de trabalho”, segundo o pesquisador.

Mobilidade

Dos 55,1 milhões moradores de cidades que trabalhavam fora de casa em 2010, 6,6 milhões passavam até cinco minutos no trânsito, 28,5 milhões gastavam de seis a 30 minutos e 1 milhão passava mais de duas horas. Já na área rural, dos 6,4 milhões de trabalhadores, 1,3 milhão levavam até cinco minutos no trajeto, 3,5 milhões gastavam de seis a 30 minutos e 78,9 mil demoravam mais de duas horas para chegar ao trabalho.

De acordo com Cláudio Stenner, não existe um padrão mundial de tempo ideal de deslocamento entre a casa e o trabalho. Mas, para ele, esse tempo influencia diretamente na qualidade de vida e também do trabalho das pessoas.

“Não existe uma média ideal, mas o que a gente pode dizer com certeza é que tempos exagerados no deslocamento para o trabalho têm um impacto direto na qualidade de vida, que é bem evidente à medida que o tempo livre da pessoa se reduz brutalmente”, destacou. “Por outro lado, tem um impacto também na produtividade econômica, porque a pessoa vai chegar mais cansada ao trabalho, vai chegar com uma condição física e psicológica pior e, evidentemente, isso vai se refletir na produtividade que ela vai ter no trabalho, então é uma questão social e econômica”, acrescentou.

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