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Presidente da ABRASCO, Gastão Wagner defende ocupações no SUS

A plateia que participava do 7º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, algumas perguntas não queriam calar: O que fazer neste momento decisivo? O SUS vai acabar?

Nossa fortaleza é que, apesar disso, o SUS concreto tem importância efetiva para a maioria dos brasileiros. O que fizemos nesses 25 anos não é pouca coisa. Tem que ter muitos anos de ‘songa-monguice’ para desmontar tudo”, afirmou Gastão. Lembrando a música imortalizada por Beth Carvalho, ele sugeriu que o apesar do momento ser de ‘reconhecer a queda’, só isso não basta. “Quero falar daqui para frente. Do ‘não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima’”. 

Segundo ele, nenhum governo estadual ou federal assumiu a implementação do SUS como projeto prioritário. “A diferença agora é que temos um governo contra o SUS. Os outros eram a favor do SUS, mas com enfoque restrito”, disse. Para Gastão, a racionalidade dos governos e dos gestores foi incorporada pelos militantes da Reforma Sanitária que abriram mão da radicalidade em nome da realpolitik. “A gente deve assumir um projeto de sistema público universal sem meio termo. Tem que ser um SUS em todo o país e para toda a população”. Além disso, segundo ele, em um momento como agora, quando o SUS e as políticas sociais estão acuadas, é suicídio ficar na defensiva. “Precisamos ir para a ofensiva, dizer que o SUS é importante e reatar os laços com boa parte da população brasileira que a esquerda perdeu”.

Para isso, o presidente da Abrasco acredita que as estratégias de luta precisam ser repensadas e resgatadas. “Temos que apostar no movimento socioinstitucional. O SUS tem essa tradição. De baixo para cima”. Gastão aposta em uma combinação de táticas para construir uma “rebelião” em defesa das políticas públicas e dos direitos sociais. Ele acredita que o compromisso geral que deve balizar essa luta é construir um novo tipo de serviço público sem privatização e terceirização. “Vamos para cima das OSs”, falou. E também mais participação: “Aumentar o poder da sociedade civil e diminuir o poder do Executivo. [O SUS] é uma política da nação, tem que ter continuidade”. Já no plano local, ele defendeu a formação de “frentes de coletivos” e a ocupação “não para paralisar, mas para cuidar, para fazer funcionar”. “O momento é de ativismo. Neutralidade é um crime”, sentenciou.

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