São Paulo – O governo federal anunciou que em 2013 será lançado um programa de políticas públicas para mulheres negras. Em setembro foram realizadas oficinas com mulheres negras de movimentos sociais e representantes do governo para estabelecer um plano de ação específico. A representante da Secretaria de Política de Promoção de Igualdade Racial da Presidência da República Eunice Léa de Moraes explica que o plano terá três eixos.
“O primeiro é o empoderamento da organização de mulheres negras, o segundo é o combate ao racismo e ao sexismo, e o terceiro é ‘comunicação para a igualdade’ para reverter o estereótipo negativo das mulheres negras na mídia”, disse, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
Jurema Werneck, da organização não governamental Criola, afirma que não há políticas públicas para essa população. Segundo ela, é preciso desnaturalizar o racismo para que ocorra a criação destas políticas. “Os diferenciais na educação e no mercado de trabalho que observamos nos dados são vistos como naturais, precisamos desnaturalizar essa situação”, afirma. “Apesar dos nossos esforços para aumentar a escolaridade da população de mulheres negras, não há na política de educação iniciativas que nos possibilitem potencializar s esforços. E isso é reflexo do racismo na educação.”
A maioria das mulheres negras são, em sua maioria, trabalhadoras domésticas, lembra Juliana. “Mesmo que tenham a escolaridade relativamente alta, as mulheres negras são as que ganham menos, são sempre injustiçadas e exploradas recebendo menos do que merecem.” Embora seja determinado por lei que tenham a carteira assinada, a maior parte delas ainda está na informalidade. Isso significa a falta de acesso a uma série de direitos, como o INSS, a licença maternidade e o seguro-desemprego.