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Repórter SUS | Abrascão aponta para a unidade na defesa da democracia e do SUS

Evento, realizado no Rio de Janeiro, reuniu estudantes, profissionais, pesquisadores e movimentos sociais

Fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), os direitos e a democracia. Esse foi o tema do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o chamado Abrascão, realizado entre 26 e 29 de julho, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

No Repórter SUS de hoje, o médico Nilton Pereira Júnior, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), fala sobre essa grande movimentação em defesa do SUS.

Confira trechos da entrevista:

O objetivo principal desse Congresso é uma reflexão que envolva todos os atores e atrizes que participam da construção do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde pública no nosso País. Temos um conjunto de professores, estudantes universitários, trabalhadores da saúde e muitos movimentos sociais, que representam a população, representam os segmentos organizados e defendem o SUS.

Nesse atual contexto, que entendemos como um contexto de desmonte da Saúde pública no Brasil, um contexto de retrocesso do investimento, de retrocesso da construção das políticas de saúde, nosso principal objetivo é fortalecer o movimento para barrar o desmonte do SUS e para a gente continuar avançando.

O SUS não é um sistema que está pronto, sem falhas. Ao contrário, é um sistema que ainda precisa avançar bastante, para atender a 100% da população, com vacinas, atenção básica, com atenção hospitalar, com urgência e emergência, com transplante.

Marcha à ré

A saúde já avançou muito comparada ao que era antes da criação do SUS, quando o Inamps só garantia acesso à saúde a quem tinha carteira de trabalho. O SUS se propõe a atender a toda a população, da vacina ao transplante, e ainda está em processo de construção. Porém, nos últimos anos, esse processo de construção foi interrompido, o governo pisou no freio e está dando uma marcha à ré nesse atual momento.

A Atenção Básica, a Estratégia Saúde da Família, vem sendo reduzida. Esse é um dos motivos para ter aumentado novamente a mortalidade infantil no Brasil. Tivemos mais de 30 anos de redução da mortalidade infantil e no último ano a taxa vem aumentando. A cobertura de vacinas vem reduzindo e não é culpa da população, é porque as políticas públicas não estão sendo financiadas.

Desmonte da democracia

Portanto, a estratégia da Abrasco, do movimento sanitário brasileiro é reunificar as nossas forças, as nossas lutas, em defesa dos direitos sociais, em defesa da democracia e em defesa do SUS.

Esse desmonte não ataca apenas a Saúde, esse desmonte é dos direitos sociais e isso piora a qualidade de vida das pessoas. Esse é um dos motivos por ter aumentado a mortalidade infantil. Porque quando você destrói o SUS, destrói o acesso à renda, à terra, à alimentação, você piora a vida das pessoas.

Unidade política

Então, o nosso objetivo central é construir uma unidade política, não uma unidade político-partidária, mas no sentido das políticas públicas, de retomar a construção dos direitos sociais e, principalmente, a construção de uma política pública de saúde universal, ou seja, que atenda todas as pessoas com a qualidade que a gente espera. Atenda tudo que as pessoas tiverem de necessidades e não seja apenas uma cesta básica da saúde, como o atual governo pretende.

Para finalizar, nosso objetivo é por uma Saúde que seja pública. Ela não é gratuita, porque todos pagam seus impostos e esses impostos devem ser revertidos para a Saúde pública, sem a privatização como vem acontecendo nessa proposta do atual governo, de ampliação dos planos de saúde privados, os planos populares, que não vão dar acesso como o SUS dá hoje para a população brasileira.

 

*O quadro Repórter SUS é uma parceria entre a Radioagência Brasil de Fato e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz)

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