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Repulsa por relações com pessoas mais velhas é tema de filme nacional

Em ‘Fala Comigo’, de Felipe Sholl, um adolescente de 17 anos e uma mulher de 43 se apaixonam e decidem enfrentar preconceitos, neuroses e barreiras para viver este amor

Olhando bem de perto, ninguém é normal. Este clichê cai bem na trama do filme Fala Comigo, primeiro longa-metragem de Felipe Sholl, que estreou nesta quinta-feira (13) nos cinemas. O longa-metragem conta a história de Diogo (Tom Karabachian), um adolescente de 17 anos que gosta de ligar anonimamente para as pacientes da sua mãe psicóloga. É assim que ele conhece Ângela (Karine Teles), uma mulher de 43 anos que vive uma crise depressiva porque acabou de ser abandonada pelo marido.

Trata-se de uma espécie de fetiche de Diogo, um garoto virgem que, no auge da adolescência, encontra prazer em ligar para as pacientes de Clarice (Denise Fraga). Ele cataloga as ligações e dá notas que equivalem ao nível de prazer que teve, em silêncio, enquanto se masturbava. No início, Ângela acreditava que aquelas ligações eram do ex-marido, por isso estendia as conversas de via única e acabava dando mais tempo para Diogo se deliciar com sua voz tristonha.

Até o dia em que ela chega ao fundo do poço e se despede do interlocultor anônimo, deixando claro que tinha decidido pelo suicídio. Ao perceber que suas ligações só pioraram o estado de Ângela, Diogo corre para o apartamento da mulher e a encontra desacordada. Quando ela se dá conta de que as ligações silenciosas que recebia eram feitas pelo filho de sua terapeuta, ela fica furiosa e se sente enojada com a situação. Mas, a sensação ruim logo dá lugar à excitação.

E assim nasce a paixão entre a mulher experiente e o garoto que ruma a passos largos para a vida adulta. A diferença de idade, a mãe de Diogo, o preconceito dos amigos e da família são obstáculos que os dois, aos poucos, decidem enfrentar juntos.

A culpa que Diogo sente por se interessar por mulheres mais velhas, a repulsa inicial de Ângela com a situação e seu sentimento de culpa, assim como os conflitos que esta relação traz são os principais temas do filme. Mas a necessidade de contato humano e de verdadeiras e profundas interações perpassam toda a obra, assim como o desconforto que este vazio traz ao espectador.

Apesar de Clarice ser psicóloga e estar acostumada a ouvir seus pacientes, o mesmo não ocorre dentro de sua própria família: ali, há pouco diálogo e a comunicação é visivelmente falha. Os problemas e as neuroses são mantidos em um quarto escuro que ninguém parece querer acessar, afinal muitas vezes é mais fácil guardá-los do que resolvê-los. A única relação mais próxima da casa é entre Diogo e sua irmã caçula (Anita Ferraz).

Quando Diogo decide enfrentar todos para viver a paixão com Ângela, ele acaba trazendo à luz muitos problemas que precisam ser resolvidos dentro e fora de casa. Na família, ele incita Clarice a deixar de lado a carapuça de psicóloga para assumir o papel de uma mãe que têm em casa um filho entrando na vida adulta, uma filha que dá sinais claros que precisa de mais atenção de todos e um marido que já não suporta mais o silêncio de sua casa.

 

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