Clube do gênero deverá ficar no Teatro Arthur Azevedo, na Mooca, que será reinaugurado no próximo mês. Acordo foi celebrado hoje ao som de bandolim
São Paulo – São Paulo já teve Clube e Rua do Choro, gênero brasileiro dos mais tradicionais, desenvolvido no início do século 20, mas com origens no 19, especialmente no Rio de Janeiro, com gente como Chiquinha Gonzaga, Anacleto Medeiros, Ernesto Nazareth e o craque Pixinguinha. E tem muitos chorões espalhados pela cidade. Um almoço regado a música na prefeitura de São Paulo, no último dia 30, confirmou o lançamento do Clube do Choro de São Paulo. Estava lá, além do prefeito Fernando Haddad (PT), o jovem bandolinista Danilo Brito, mais o maestro John Neschling, ex-diretor da Sinfônica estadual paulista, o futuro secretário municipal de Cultura, Nabil Bonduki, e o jornalista Luís Nassif, um fã do choro e “bandolinista amador”, como ele mesmo se definiu em texto sobre o encontro publicado no jornal virtual GGN, em que relatou o encontro.
Nassif revelou que o prefeito “não dorme” sem ouvir Agustín Barrios, célebre músico paraguaio, “o paraguaio genial que ajudou a formar a escola brasileira de violão”. De acordo com o jornalista, Haddad “está convencido de que São Paulo tem a melhor política cultural do país, contemplando o teatro, a dança, a ópera, a música erudita, o grafite”. Mas faltava a música – particularmente, o choro.
“De minha parte vendi o peixe de que hoje em dia São Paulo é o grande centro de choro do país, depois do Rio de Janeiro”, escreveu Nassif. Segundo ele, prevaleceu proposta feita por Danilo Brito, de um clube no estilo do de Brasília, “juntando ensino, apresentação e congraçamento de músicos”.
O jornalista informou que o Clube do Choro de São Paulo deverá ficar sediado no Teatro Arthur Azevedo, na Mooca, aberto em 1952 e que será reinaugurado no mês que vem, juntamente com o clube. Segundo Danilo Brito, que completará 30 anos em março, o clube será um espaço de formação para novos músicos, mas também um espaço para apresentações e saraus. “O choro está hoje no meio do caminho da música popular e da erudita, e encanta um público diverso no mundo todo. Muitos dos nossos compositores mais prestigiados começaram com o choro, e São Paulo, que tem um potencial cultural e artístico, além de ser uma cidade agregadora de pessoas de todos os cantos, não podia mais ficar sem um espaço dedicado ao gênero.”
O músico contou ter conhecido Haddad durante um sarau, em que demonstrou interesse em fomentar um espaço como o futuro Clube do Choro. “Será uma grande oportunidade para uma nova geração. Hoje só temos choro tocado em bares. Queremos conhecer a história dos instrumentos, celebrar grandes apresentações e o intercâmbio entre alunos, músicos e público”, acrescentou.
De acordo com o relato de Nassif, o acordo para criação do clube “foi celebrado com algumas interpretações magistrais de Danilo ao bandolim, para espanto de todos, especialmente de Neschling, que se encantou com o seu virtuosismo”. O próprio jornalista se admirou ao ouvir o músico tocar sua valsa Oscar e Teresa, que Danilo ouvira apenas uma vez, 16 anos atrás, aos 13 anos da idade. Já o maestro, segundo Nassif, disse considerar o choro “a forma mais completa de música brasileira”.