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Suplicy afirma que estará ‘à disposição’ dos movimentos e cita Passe Livre

São Paulo – Ao lado de seu agora adjunto Rogério Sottili, que transmitiu o cargo na manhã de hoje (2), o ex-senador e novo secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Eduardo Suplicy, disse na posse que estará “à disposição” dos movimentos sociais e citou o Movimento Passe Livre, que tem protagonizado protestos contra o reajuste da tarifa de ônibus no início do ano. Mais tarde, o prefeito Fernando Haddad (PT) diria que Suplicy fez uma referência genérica a todos movimentos que conhece e respeita – “e que nós respeitamos também”, acrescentou.

Fora do Senado após 24 anos de mandato, Suplicy tomou posse ao lado do ex-ministro Alexandre Padilha, candidato derrotado do PT na eleição para governador de São Paulo. Entraram no lugar, respectivamente, de Sottili e Paulo Frateschi, outro petista histórico. Segundo Haddad, Frateschi foi a primeira pessoa a sugerir um convite para Padilha fazer parte do Executivo municipal. E disse que todos são “soldados, iguais, prontos para a guerra”, na defesa de um projeto de governo. “Infeliz o chefe do Executivo que tem medo do brilho de outras estrelas.”

Para Suplicy, a polícia tem cometido “excessos” em manifestações como as do MPL. Ele disse que pretende conversar com todos os movimentos – e que recomendará a todos que atuem de forma “civilizada” e com bom senso. Ainda antes de assumir o cargo, ele esteve ontem – dia de posse do novo Congresso, em Brasília – visitando sem-teto abrigados sob o viaduto Bresser, na Mooca. E pretende se reunir com moradores de rua no próximo final de semana, ao lado do padre Júlio Lancelotti. Ele também reclamou de não ter sido recebido pela presidenta Dilma Rousseff, apesar de vários pedidos. “Quem sabe agora.”

Suplicy foi o centro das atenções na cerimônia que superlotou o hall da prefeitura. Estava lá boa parte do secretariado de Haddad, militantes de direitos humanos como o ativista e pesquisador José Luiz del Roio e Maurice Politi, do Núcleo de Preservação da Memória Política, o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa e o ator Sérgio Mamberti. Na mesa, dois ministros – Arthur Chioro (Saúde) e Ideli Salvatti (Direitos Humanos) –, Haddad, a vice Nádia Campeão, antigos e novos secretários e o presidente da Câmara Municipal, Antônio Donato. Na primeira fila, Anivaldo Padilha, pai do secretário de Relações Governamentais, e a secretária de Relações Internacionais do PT, Mônica Valente, que representou o presidente do partido, Rui Falcão. Entre o público, circulavam João Suplicy e Supla (de chapéu e óculos escuros), filhos do ex-senador.

Para Haddad, a citação ao MPL foi “uma referência a genérica a todos os movimentos que ele conhece, respeita, e que nós também respeitamos”. “Inclusive acolhemos uma parte importante da demanda dos estudantes”, acrescentou. “É uma agenda que nos interessa, que interessa a todos. Se não tivéssemos diálogo, não teríamos adotado o passe livre do idoso, do estudante, agora as medidas que estão sendo tomadas em relação à licitação, auditoria, que nos deu base para pensar o sistema no médio e longo prazo, com a desapropriação das garagens, com o novo edital que vai introduzir uma série de elementos de fiscalização e auditoria, inclusive automatizada. Isso tudo é produto do diálogo.”

Cidade menos hostil

Frateschi disse acreditar no “nosso projeto democrático-popular”, que permite consolidar direitos para os mais pobres e tornar a cidade “inclusiva, menos hostil e mais agregadora”. Avaliou que houve avanço no diálogo com os movimentos sociais, citou o ex-ministro Luiz Gushiken (que morreu em 2013) ao falar na “democracia em construção” e concluiu afirmando ter “orgulho” de ser sucedido por Padilha. “Ele é Mais Médicos (programa federal de atenção básica).”

Padilha ressaltou ter atuado como coordenador político na gestão Lula e ter sido uma espécie de “presidente do sindicato dos prefeitos” para afirmar que terá “humildade para ouvir e para conversar, e paciência para dialogar”. “Quem não tem humildade só é derrotado na política”, afirmou. Mas lembrou que também pode ser bom de briga, como “neto de um caipira que veio para São Paulo nos anos 40”.

O ex-ministro e novo secretário citou Paulo Vanzolini, autor de Ronda e Volta por Cima. “Nem todo mundo sabe, mas era médico. Ele dizia que entrava na cidade e a cidade entrava dentro dele”, afirmou, dizendo que pretende fazer o mesmo em sua gestão. As referências incluíram ainda o pensador italiano Norberto Bobbio (a política como campo de antagonismo) e a filósofa Marilena Chauí (a política como arte para que as diferenças de opinião não terminem em violência), além do poeta Sérgio Vaz, da Cooperifa, e do músico Criolo.

Agora secretário-adjunto de Direitos Humanos e Cidadania, Sottili destacou o “poder transformador” das políticas de direitos humanos. E destacou a consolidação, em São Paulo, de uma agenda para uma cidade que “durante muito tempo marcada por repressão, falta de diálogo e perda do espaço público”. Chamou Suplicy de “um dos mais conhecidos lutadores da causa da cidadania” e ao concluir o discurso, aproximou-se do público e levantou o braço direito do ex-senador. Este, por sua vez, comedido no discurso, soltou-se na exclamação final, ressaltando cada sílaba da última palavra: “Muito obrigado por essa presença ma-ra-vi-lho-sa!”.

Enquanto Haddad e os novos secretários davam concorridas entrevistas, Sottili permaneceu no palco e recebeu uma singela e simbólica homenagem da comunidade latino-americana (durante seu discurso, lembrou a criação do primeiro Centro de Referência e Acolhida para Migrantes). Ao término da cerimônia, vários deles subiram ao palco para cumprimentar e tirar fotos com o agora adjunto.

SinPsi esteve lá

O SinPsi participou da posso dos novos secretários pelas figuras do presidente Rogério Giannini e da tesoureira Fernanda Maganos, estiveram presentes na cerimônia de posse.

“São dois nomes muito fortes para a prefeitura da cidade, mas estamos realmente satisfeitos que São Paulo tenha, pela primeira vez, uma agenda de direitos humanos. Melhor ainda que esta agenda esteja sendo coordenada por Suplicy, que sempre atua com seriedade e competência”, afirmou Giannini.

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