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Saúde e democracia

Por Norian Segatto

Neste início de abril comemora-se a Semana da Saúde, que culmina no dia 7, data oficial do Dia Mundial da Saúde estabelecido desde 1950, em homenagem à criação da Organização Mundial de Saúde (em 7 de abril de 1948).

No Brasil, comumente, o período é dedicado a uma enxurrada de dicas de saúde, cuidados básicos, incentivo ao não sedentarismo como forma de prevenir doenças cardiovasculares, diabetes, AVC entre outras enfermidades crônicas não transmissíveis. Em 2018, a OMS lançou o Plano de Ação Global, previsto até 2030, em que recomenda um conjunto de políticas e atividades voltadas para a meta de reduzir em até 15% a inatividade física até o final da década.

Saúde mental

Com perdão da redundância, é muito saudável esse tipo de orientação, que deve ser uma preocupação 365 dias por ano, no entanto, não é apenas a saúde estritamente física que deve nortear as preocupações da sociedade e dos profissionais da área; problemas de transtornos mentais agravados pela pandemia, pela precarização do trabalho e o desemprego, pela violência e por ações discriminatórias, pelo desmonte de instituições de cuidado e avanço de políticas neoliberais e neofascistas, pelo descontrole de sociedades tecnológicas afetam diretamente a saúde mental de milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo relatório da OMS de 2022, 700 mil pessoas cometem suicídio anualmente, uma em cada 100 mortes.

No Brasil, no dia 18 de maio, comemora-se o dia de luta antimanicomial, um chamado para o tratamento humanizado e em liberdade.

Democracia é a saúde da sociedade

O mundo vive um período de retrocesso das instituições democráticas, com avanço da extrema direita e sua política neofascista de ódio e eliminação de oponentes (seja um militante social, uma pessoa preta, um indígena, um indigente); não à toa, o governo anterior deixou para morrer à mingua os povos originários e tentou promover uma “limpeza étnica” ao negar a letalidade da pandemia de Covid 19 e não promover uma ágil vacinação.

Esse governo, que tinha à frente um militar genocida, sabia que as maiores vítimas da pandemia (como de fato ocorreu) seriam pobres, pretos/as e periféricos. O governo anterior cometeu crime de genocídio, deve ser julgado por isso e o estado brasileiro assumir a reparação dos danos e mortes causados.

Assim, a primeira semana de abril é sintomática: comemora-se a saúde, no período em que o país atingiu a marca oficial de 700 mil mortes por Covid, e relembra-se o golpe militar, “avô” do governo genocida de Bolsonaro.

Sem democracia, sem um governo que priorize ações em favor da camada da população mais vulnerável e que empreenda esforço de estado para diminuir desigualdades e promover cidadania e inclusão, a sociedade continuará adoecida. O novo ciclo que se inicia no governo Lula é um alento nesse sentido, mas não nos enganemos, há forças agindo para a volta dos porões da ditadura, há projetos de país em disputa; e a melhor forma de apoiar as políticas que promovam o desenvolvimento social é exigir a punição pelos crimes cometidos pelo ladrão de joias, manter a mobilização popular das ruas e pressionar o atual governo para manter seus compromissos.