A Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT vem a publico mostrar sua indignação diante dos recentes comentários proferidos pela jornalista do SBT, Raquel Sheherazade, fazendo apologia à violência e defendendo o linchamento de um jovem negro de 15 anos, que depois de espancado, nu e com um corte na orelha, foi preso pelo pescoço a um poste com uma trava de bicicleta por três homens no Rio.
O fim da escravidão no Brasil ocorreu em 1888 mas, assim como Sheherazade, boa parte da mídia associa pobreza e negritude à criminalidade.
Segundo o Art. 7º do código de ética do jornalismo brasileiro, o jornalista não pode: V – usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime. Lembramos também que os canais de TV são concessões públicas e não é possível que alguém possa usar um espaço privilegiado, ao qual pouquíssimos tem acesso, para fazer apologia ao crime. O linchamento ou “justiça” por conta própria são crimes previstos no nosso código penal, a apologia e o estímulo a estes crimes também constituem um crime.
A televisão deveria principalmente informar, para ajudar no processo educativo da população e não para estimular atitudes violentas e anticonstitucionais. Ela também não deve satisfazer a uma elite reacionária que quer manter negros e pobres como símbolos indesejáveis desta sociedade.
Com certeza, incitar a violência não é o caminho para um Brasil mais justo e mais humano porque essa não é uma guerra de todos contra todos. O que precisamos é buscar soluções pacíficas, duradouras e conjuntas entre sociedade e governo para o problema de segurança pública. Precisamos de propostas para diminuir a violência e não da apologia ao crime, pois isso não resolve os nossos problemas.
Reforçamos a necessidade de construirmos uma sociedade mais igual onde a cor da pele, a orientação sexual ou a condição sócio econômica não seja motivo para condenar e excluir cidadãos e cidadãs de nosso convívio social. Banir e excluir segmentos populacionais só serve para aumentar o fosso e fortalecer a violência em nosso país.
Uma vez mais a Central Única dos Trabalhadores reafirma sua luta pela inclusão, sem discriminação e preconceito, pois somente assim poderemos construir uma sociedade fraterna e solidária.