Por Norian Segatto
Neste 10 de setembro comemora-se o Dia Internacional de Prevenção ao Suicídio, data criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, diariamente, 32 pessoas cometem suicídio.
No entanto, esse drama não está associado unicamente a questões subjetivas que afetam nós humanos. No Brasil do aumento da miséria, do desemprego, do discurso de ódio, dos descuidados com a saúde, do isolamento social, fatores que afetam a saúde mental, como depressão, ansiedade, falta de perspectivas de futuro, entre outros transtornos, corroboram em muito para esses trágicos índices.
Segundo relatório da OMS divulgado em junho deste ano, em 2019 mais de 700 mil pessoas cometeram suicídio no mundo, número maior do que as mortes por HIV e câncer de mama. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
O relatório da OMS indica, ainda, que homens cometem mais suicídio do que mulheres (12,6 por 100 mil homens em comparação com 5,4 a cada100 mil mulheres). “É interessante notar que nos países de renda alta, o suicídio de homens é maior [16,5 por 100 mil], enquanto nos países de renda per capita mais baixa aumenta o índice de suicídio entre mulheres [7,1 por 100 mil]”, aponta da diretora do SinPsi, Marcella Milano, que considera haver a necessidade de reforçar as políticas públicas de saúde e os cuidados com a saúde mental. “Isso é tarefa diária, o desmonte do sistema de saúde impacta diretamente na saúde mental da população, principalmente a parcela mais vulnerável da sociedade”, afirma a diretora.
Brasil na contramão
Entre os anos de 2000 e 2019 houve uma queda mundial de 36% nos casos de suicídio, a exceção ficou por conta do continente americano, que registrou um aumento de 17% dos casos nesse período.
Para combater o suicídio, a OMS lançou uma série de bases batizadas como “LIVE LIFE”, entre as medidas estão: limitar o acesso a armas de fogo, aos pesticidas (agrotóxicos) e promover habilidades socioemocionais entre adolescentes, pontos que situam o governo brasileiro na contramão das políticas internacionais de prevenção.
“Fortalecer as redes de atenção psicossociais, o SUS, combater práticas e políticas antimanicomiais e dar perspectivas à população em relação a emprego, saúde, renda e aposentadoria digna, são caminhos concretos para a diminuição do número de suicídios no país e nós, psicólogas e psicólogos temos muito a contribuir nesse debate”, avalia Marcella Milano.
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