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Trabalho mata?

Estudos apuram se os workaholics são mais vulneráveis ao derrame

Trabalhar muitas horas por dia, muitos dias por semana, tornou-se uma rotina na vida de muitas pessoas, a ponto de profissionais considerarem trabalhar oito horas por dia como férias. Isso não se restringe à área de saúde. Empresários, funcionários, técnicos das mais diversificadas empresas e instituições ultrapassam, em muito, as famosamente conquistadas jornadas de 40 horas semanais. 

O estresse do trabalho prolongado, da pressão e da competição pesa sobre o bem-estar de cada um. É do conhecimento de todos os botões e minérios da terra que essa sobrecarga afeta nitidamente a tranquilidade e os níveis de ansiedade e da insônia das pessoas. Alguns estudos têm apontado para um risco maior de doenças graves em trabalhadores intensivos. Doenças como pressão alta, gastrite, úlceras, inflamações intestinais frequentes, infarto e até câncer são observadas com incidência e gravidade maiores em pessoas estressadas. 

Por outro lado, outros estudos tiveram dificuldade de confirmar esses resultados de forma definitiva. A equipe de pesquisadores do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College of London, na Inglaterra, liderada por M. Kivimaki, publicou recentemente os resultados de um estudo que incluiu um número muito grande de pessoas – 603.838 para sermos mais precisos –, avaliados quanto ao impacto das longas horas de trabalho sobre o risco de doenças cardiovasculares, como infarto do coração e derrame cerebral (acidentes vasculares cerebrais). 

Os voluntários não apresentavam doença cardiovascular no início da pesquisa e foram submetidos a seguimento por mais de oito anos. A análise estatística dos dados coletados desses homens e mulheres mostrou que, independentemente de idade, sexo, hábitos e status socioeconômico, pessoas que trabalhavam rotineiramente mais que 55 horas por semana apresentavam um risco de infarto 13% mais elevado, e de derrame cerebral 33% maior, quando comparadas com indivíduos que tinham jornadas de trabalho iguais ou inferiores a 40 horas semanais.  

Apesar do grande número de voluntários estudados, os pesquisadores concluíram que trabalhar por longas horas significativamente aumenta a incidência de acidentes vasculares cerebrais, mas que a correlação dessa sobrecarga profissional com a ocorrência de infartos ficou muito tênue, limítrofe do ponto de vista estatístico, para se ter certeza plena. 

O doutor Kivimaki e seu time acreditam que pessoas trabalhando por longos períodos têm maior chance de derrames, devido ao estresse repetitivo e de longa duração. Também sugerem que muitos são sedentários, permanecendo sentados na maior parte de sua jornada, além de maior consumo de bebidas alcoólicas frequentemente observado.  

Um estudo realizado no Japão, poucos anos atrás, demonstrou também que os workaholics, além de todos os riscos de doenças graves, muitas vezes desprezam sintomas importantes e retardam a procura por avaliação médica. Quando buscam a atenção especializada, as doenças já estão em estágios mais avançados. Portanto, a sugestão dos cientistas é da necessidade de atuação e atenção mais intensas no grupo de profissionais que ultrapassem as 40 horas semanais de trabalho, no sentido de prevenção e de detecção precoce dos primeiros sinais de problemas sérios de saúde. 

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