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Vannuchi vê ‘tentativas oportunistas’ de apropriação de protestos por conservadores

Ex-ministro afirma que ‘recado das manifestações’ é que há uma juventude engajada politicamente, disposta a criar um novo ciclo para levar o Brasil mais longe em termos de justiça social

São Paulo – Para o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos Paulo Vannuchi, existem tentativas “oportunistas” de setores conservadores em transformar as últimas manifestações em mecanismo de pressão contra a presidenta Dilma Rousseff. “Os protestos abriram um espaço de disputas. A direita e os órgãos de mídia que ela controla vão tratar o Haddad como derrotado e não vão dizer nada a respeito de Geraldo Alckmin. Vão buscar dizer que tudo isso é contra Lula e Dilma, mesmo que isso não tenha nenhum embasamento nos fatos.”

Ontem, no Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), revogaram o aumento de passagem de trem, ônibus e metrô. A partir de segunda-feira o valor retorna de R$ 3,20 para R$ 3, o mesmo que vigorava antes do reajuste do dia 2. A medida foi adotada depois de 15 dias de mobilização social encabeçada pelo Movimento Passe Livre.

Em sua coluna na Rádio Brasil Atual, Vannuchi ressaltou que, devido a “500 anos de opressão”, ainda há muitos descontentamentos no Brasil. Para o analista político, é preciso entender o recado das manifestações. Nesse sentido, Haddad, que está no cargo há apenas seis meses, deve deixar de lado um eventual sentimento de injustiça. “É preciso deixar esse sentimento de lado e tentar interpretar o recado, sem se preocupar tanto com tentativas de manipulação conservadora golpista, de direita, que querem o retorno aos tempos de neoliberalismo de FHC.”

Vannuchi ressalta que o recuo é um sinal de respeito e faz parte da democracia, pois demonstra a tentativa de estabelecer o diálogo entre o poder público e a sociedade civil. “Os governantes explicam quais os problemas da prefeitura e do governo estadual e a sociedade vai dizer quais são os seus seus problemas no transporte. Isso faz toda a diferença entre uma democracia e uma ditadura.”

Para o ex-ministro, o episódio evidenciou que a repressão policial não convive com a vida democrática e foi decisivo para mudar o rumo dos protestos. “A truculência da polícia nos episódios de quinta (13) trouxe de volta as imagens dos piores tempos da ditadura e serviu como combustível para o movimento.”

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