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Vigília Ocupe a Democracia assegura evento com Judith Butler no Sesc

Ativistas de direitos humanos ocupam entrada do Sesc Pompeia, fazem ato de prevenção à hostilidade de grupo de extrema-direita e defendem o debate com filósofa norte-americana

São Paulo – A presença da filósofa norte-americana Judith Butler em evento no Sesc Pompeia, na zona oeste de São Paulo, na manhã desta terça-feira (7), mobilizou coletivos de mulheres, LGBTs, negros e de direitos humanos. Os grupos organizaram a vigília Ocupe a Democracia como forma de assegurar a presença da professora da Universidade da Califórnia no ciclo de debates Os Fins da Democracia. Judith é uma das principais teóricas do debate contemporâneo sobre feminismo e ética e sua vinda ao Brasil despertou a ira de grupos de extrema-direita, que desde a semana passada tentam impedi-la de cumprir sua agenda no país.

A calçada da Rua Clélia, em frente à unidade do Sesc, foi tomada por manifestantes. De um lado, cerca de 400 ativistas convocados por coletivos como o Pompeia Sem Medo. De outro, em torno de 100 integrantes de grupos como Direita São Paulo e Tradição, Família e Propriedade, dizendo-se “sem ideologia”, em defesa das crianças e da família. Atacavam, além da pensadora, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso e até mesmo a ONU e a Unesco. Ostentavam bíblias, crucifixos e cartazes pedindo intervenção militar, aos gritos de “Fora, Butler”, respondidos com coros de “Dentro, Butler” e “bem-vinda, Butler”.

Participaram da vigília a antropóloga Jacqueline Moraes Teixeira, o advogado Renan Quinalha, a atriz Renata Carvalho e o ativista negro Marcio Black. Em sua intervenção, Quinalha afirmou que o golpe de 2016 abalou o Estado de direito. “Depois de remover de maneira ilegítima uma presidenta eleita, o golpe empoderou esses setores fundamentalistas, que já estavam no Legislativo, com as bancadas da bala, da bíblia, se revelam também no Judiciário”, disse.

Extremistas chegaram a queimar uma boneca com a cara de Judith Butler. “Queima a bruxa, vai pro inferno, Jesus tem poder”, gritavam. “O gesto faz lembrar o que o fundamentalismo religioso praticava na Idade Média com mulheres que ousavam utilizar a inteligência e desafiar a dominação machista em nome de Deus”, comparou a antropóloga Renata Carvalho.

“Estamos aqui para marcar a diferença e mostrar o que é democracia. Expor ideias diferentes é democracia, mas o discurso de ódio promovido aqui é abuso de liberdade de expressão. Usam da liberdade para expor violência em uma cidade já violenta” disse o ativista Márcio Black.

O debate começou com atraso. Judith Butler defende ideias de conciliação e coexistência e afirma que “o ódio nasce do medo do diferente”.

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