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140 delegadas representarão SP no encontro nacional da Mulher Trabalhadora

Fernanda Magano, dirigente SinPsi e presidente da Fenapsi, é uma delas

A situação da mulher no mundo do trabalho e as reformas estruturantes necessárias no Brasil foram os principais temas debatidos nesta segunda (9), último dia do 8º Encontro Estadual da Mulher Trabalhadora da CUT São Paulo. O evento, realizado na quadra dos Bancários, centro da capital, começou no domingo (8) e contou com a participação de mais de 180 dirigentes de todas as regiões do estado, das quais 140 serão delegadas para o encontro nacional.

Reforma política, democratização da comunicação, direito à água e à vida sem violência foram discutidos no segundo painel da manhã. As mulheres também foram convocadas a participar do ato nacional do próximo dia 13 (sexta), em defesa da Petrobras, da democracia, da reforma política e dos direitos dos trabalhadores. Em São Paulo, a atividade será na Av. Paulista nº 901, em frente ao prédio da Petrobras, com concentração a partir das 15h.

A ampliação dos serviços de atendimento previstos na Lei Maria da Penha, com garantia de acesso à assistente social, psicóloga, advogada, acolhimento e orientação às vítimas de violência na cidade, é a prioridade nas ações da Prefeitura paulistana voltada às mulheres, bem como a transversalidade dos programas em articulação com outras secretarias municipais.

Democracia também é igualdade entre gêneros

“Nossos serviços trabalham não apenas com as mulheres em situação de violência. Queremos estimular a participação política e social, a autonomia e a auto participação feminina”, afirma Denise. A secretária municipal reforçou a importância de desconstruir a cultura machista dentro das escolas, ação em prática numa parceria com a Secretaria Municipal de Educação, “transformando mentes de meninos e meninas com formação para igualdade de gênero, para que eles não reproduzam a violência e para que elas não se submetam a essa violência”.

Denise avalia que a reforma do sistema político é importante para maior representação da sociedade no Congresso, mas o financiamento público de campanha eleitoral é fundamental principalmente às mulheres, pois é o meio de ampliar a participação e a vontade feminina de se engajar na política. “Termos uma presidenta mulher é significativo num país onde se tem feito tantas políticas de inclusão social, sobretudo para as mulheres”.

Crise da água é crime contra a humanidade

As contradições nos discursos e ações do governo estadual em relação à crise hídrica foram pontuadas na apresentação da engenheira sanitarista Erika Martins, além do impacto da falta do recurso na vida das mulheres.

“A mídia blinda muito a realidade que está colocada. Estamos vivendo um momento histórico muito importante e a falta de água é um crime contra a humanidade. Nunca se registrou algo em área tão grande. Só no Sistema Alto Tietê, estamos falando de 20 milhões de habitantes que serão afetados”, alertou.

Ao resgatar a história da Sabesp, Erika explicou o processo de privatização da companhia, na onda neoliberal da década de 1990, até a abertura de capital para investidores estrangeiros, em 2002. Hoje os acionistas ficam com quase 25% dos lucros da empresa, enquanto a população do estado mais rico do país sofre com a falta de água por falta de investimentos e planejamento. 

“Quando se abre capital e vende ações, você chama investidores e, em troca, dá dividendos. Mas o que foi feito é que o governo pegou esses recursos e aplicou em outros setores. Por que não podemos ter controle social para a empresa, como está previsto na legislação?”, questionou Erika, completando que a vaga para representação do sindicato no conselho de administração da Sabesp simplesmente não é preenchida.

Nesse desmonte, o total de funcionários caiu de 20 mil para 14 mil, não devido à qualquer “eficiência” como apregoa o governo estadual do PSDB, explica a engenheira, mas por conta da terceirização, com trabalho precarizado, má qualidade na prestação dos serviços e formação de cartel entre as empresas contratadas.

Contra os oligopólios midiáticos

Só haverá pluralidade de vozes no Brasil se houver o fim do poder dos oligopólios nacionais e regionais de comunicação, diz Adriana Magalhães, secretária de Imprensa da CUT/SP. Ela explicou que rádio e TV são concessões públicas e é preciso controlar o conteúdo dos veículos.

“A nossa subjetividade é impactada por aquilo que a grande mídia apresenta. Além de não sabermos da realidade que se passa em outros estados do Brasil, existe um padrão com relação as mulheres, um estereótipo reforçado onde não cabem as negras e nordestinas”, afirma.

Adriana ressaltou durante o encontro o Projeto de Lei de Iniciativa Popular (Plip) para uma Mídia Democrática, que necessita de 1,3 milhão de assinaturas para ser enviado ao Senado. Hoje é possível apoiar a iniciativa por meio de assinatura eletrônica, no site do FNDC.

Segundo a secretária cutista, o Plip trata também sobre o conteúdo da propaganda voltada ao público infantil. “Os canais expõem as crianças à perversidade das publicidades apresentadas na televisão ou em outros veículos”.

Adriana coloca como alternativa a ampla participação das mulheres no debate da comunicação para construir um conselho com diferentes profissionais, que pensem a comunicação como uma política pública no Brasil.

No período da tarde, a programação foi concluída pelos grupos de trabalho, que discutiram e aprovaram o texto-base e elegeram as  delegadas ao encontro nacional.

O encontro realizado pela Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT São Paulo teve a presença de sindicatos e federações cutistas dos ramos da alimentação; comércio e serviços; construção civil; educação; financeiro; metalúrgico; municipais; químico; seguridade social; serviço público estadual; do transporte e urbanitários.

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