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5º Congresso Brasileiro de Saúde Mental: SinPsi debateu relações de trabalho nos tempos atuais

O 5º Congresso Brasileiro de Saúde Mental, da Abrasme, foi marcado pela variedade de mesas de debates, rodas de conversa e oficinas, que ocuparam quatro andares do campus UNIP Indianápolis entre os dias 26 e 28 de maio.

Com temática ampliada, a troca de experiência passou pelos campos da medicalização, reforma psiquiátrica, população em situação de rua, população indígena e saúde do trabalhador, dentre outras.

Na mesa redonda “Saúde Mental e Saúde do Trabalhador”, que aconteceu no dia 27, Rogério Giannini, presidente do SinPsi, falou sobre as relações de trabalho e a ameaça de redução de direitos do trabalhador no novo cenário da política nacional.

“Podemos começar pensando que o capitalismo se impõe historicamente como uma forma de produção dominante, que supera sem destruir as formas de trabalho anteriores. Mas, aí daremos conta de que hoje em dia cadeias produtivas das mais dinâmicas utilizam a força de trabalho escrava, como é o caso da indústria da moda”, citou.

Giannini se referia às muitas denúncias feitas por uso de trabalho escravo de grandes marcas da moda, como Zara, Renner, M. Officer, Le Lis Blanc, Collins, Pernambucanas e Marisa. Saiba mais aqui.

“Como sindicalista estou mais atento ao ordenamento jurídico que dá conta dessas relações de trabalho. A ordem jurídica é a conquista contratual de um direito. Mas na prática os direitos universais, nas relações de trabalho, nunca são universais, pois há sempre grupos que estão além, os protegidos por grandes sindicatos, com mais força de organização, e os que estão aquém, sem a proteção direta dos trabalhadores e sem a proteção do judiciário”, explicou, lembrando que grande parte dos trabalhadores na ativa não tem direitos trabalhistas garantidos, como é o caso dos pejotas.

Ao longo de sua explanação, o presidente do sindicato disse questionou a forma de organização da força de trabalho. Falou sobre Taylorismo e o Fordismo – o império da eficiência, do campo disciplinado e do movimento milimetricamente calculado.

“Hoje, no Brasil, o Fordismo chega com força na Educação, no ensino superior, nos serviços públicos, inclusive na Saúde. Basta ver a obsessão por pontos eletrônicos, formulários, controles, metas a serem cumpridas. Minha tarefa como sindicalista é alterar o patamar da institucionalidade onde essa disputa cotidiana se dá”, analisou.

O ponto principal foi sobre as ameaças aos direitos trabalhistas que estão tramitando no Congresso Federal, como o Projeto de Lei da terceirização (4330/04), a redução da idade laboral para 14 anos, a descaracterização de trabalho escravo em caso de carga horária exploratória, o deslocamento de empregado não contar mais como tempo de jornada, dentre outros.

“É neste cenário que a gente discute relações de trabalho e saúde do trabalhador, num cenário de pauta regressiva desse governo que se apresenta”, disse.

O debate abriu espaço para falar sobre leis não cumpridas, de assédio moral em local de trabalho e da correlação de forças. Giannini ponderou um fato mais do que relevante, de que muitos não se dão conta: o trabalho está muito naturalizado como uma benesse do empresário, como se tivesse sido este a ter criado o trabalho.

“A ideia de que o local de trabalho é privado coloca em risco os direitos humanos mais básicos. Para vermos como isso é pesado, basta citar o exemplo das metas de produção cruéis em telemarketing ou os fraldões oferecidos para trabalhadores não irem ao banheiro e não perderem vendas”, ressaltou.

Confira aqui entrevista concedida pelo presidente do SinPsi ao Tv Saúde, da Fiocruz, que cobriu o evento.

Estande

O SinPsi também montou um estande no evento, com um telão que apresentava o novo vídeo da série Nau dos Insensatos, sobre a mobilização “Fora, Valencius”. A cada dia o estande sorteava DVDs com o filme para quem passasse pelo estande e se cadastrasse. 

A psicóloga Paula Santos, que veio de Brasília exclusivamente para o Congresso Brasileiro de Saúde Mental, foi uma das sorteadas e falou sobre a importância da luta pelo fim dos manicômios.

“Trabalhei no CAPs de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, e vi de perto a importância da valorização dos usuários como pessoas inseridas socialmente. Adorei ganhar o DVD do SinPsi. Vou assistir e levar para a discussão dos grupos de que participo em Brasília. A nomeação de Valencius, mesmo já tendo sido superada, ilustra bem os tempos em que vivemos, de retrocesso”, comentou.

Certificados

O SinPsi informa que Os certificados do evento já estão disponíveis na página do Congresso.

Clique aqui para emitir o seu.

Os participantes poderão obter seus certificados acessando a Área do Inscrito ou clicando no menu Certificados e digitando o CPF/Documento.

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