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9ª Marcha da Consciência Negra protestou desde o início da tarde de ontem (20) contra os assassinatos de jovens negros na periferia paulistana e defendeu as cotas raciais

Com o slogan “Cotas Sim, Genocídio Não”, a 9ª Marcha da Consciência Negra protestou desde o início da tarde de ontem (20) contra os assassinatos de jovens negros na periferia paulistana e defendeu as cotas raciais. Cerca de 500 pessoas de diversas entidades ligadas à defesa dos direitos da população negra participaram da marcha, segundo a Polícia Militar.

“O nosso objetivo é fazer crescer a luta pela igualdade racial no Brasil. Apesar dos passos que estão sendo dados serem positivos, tanto no âmbito da sociedade quanto do governo, ainda tem muito o que se fazer”, disse Edson França, presidente da União de Negros e Negras Pela Igualdade (Unegro).

O presidente da Unegro pediu a atenção do governo para os assassinatos de jovens negros nas periferias. “A população negra acumula grandes desvantagens, continua sendo a principal vítima da violência, especialmente neste momento delicado de São Paulo.” Segundo França, é preciso garantir o direito à vida. “A nossa molecada precisa ter garantia de que vai nascer, crescer, viver. Hoje, ser jovem negro e ultrapassar a barreira dos 30 anos, é contrariar as estatísticas”, disse.

Também participou da manifestação Nelson Gonçalves Campos Filho, conhecido como Nelson Triunfo, um dos responsáveis por introduzir a cultura hip hop no Brasil. O arte educador, produtor cultural, músico e dançarino, que atua em diversos movimentos sociais, disse que a violência contra o negro na periferia não é um problema atual. “Isso vem acontecendo há muito tempo, só que de uma forma mais enrustida. Antes, não tinha tantos celulares para filmar”, disse.

No âmbito da educação, Edison Benedito Luiz, diretor do Coletivo de Empresários e Empreendedores Afro-Brasileiros (Ceabra), defendeu que o estado aprove uma lei de cotas para as universidades e institutos paulistas, assim como fez o governo federal. “É uma reivindicação antiga do movimento negro, para diminuição da desigualdade racial. O negro não ascende à faculdade em função de uma série de coisas que são fruto da escravidão. Esta é uma forma de ressarcir o negro do período da escravidão”, argumentou.

De acordo com Edson França, não basta oferecer vagas, por meio de cotas aos negros, é necessário também que se criem condições para que ele permaneça no ensino superior. “Nós precisamos garantir que esses jovens negros e pobres almocem, jantem, tenham condução, livros, passeiem, vão ao cinema, ao shopping, à praia. Isso o governo precisa fazer, as cotas não têm sido acompanhadas desse reforço.”

Durante a marcha, que passou pelo vão livre do Museu de Arte de São Paulo, alguns grupos jogaram capoeira, outros cantaram músicas em homenagem ao líder negro Zumbi dos Palmares. Representantes da religião umbanda também benzeram os participantes.

Por volta das 15h, os manifestantes tomaram duas faixas da Avenida Paulista e seguiram, embaixo de chuva e granizo, até o Teatro Municipal de São Paulo. “Terminou no teatro porque foi onde se iniciou o primeiro movimento negro, em 1974, o Movimento Negro Unificado (MNU)”, explicou França.

Coletivo Negro

E o Coletivo Negro do SinPsi marcou presença na marcha do dia 20 de novembro.

Segundo a dirigente do SinPsi e membro do Coletivo, Cátia Cirpiano, nem a chuva desanimou a mobilização.

“Nos unimos ao pessoal da Uneafro, o que gerou uma ação muito positiva. Pegamos a maior chuva, mas seguimos firmes e fortes, do parque Trianon até o Teatro Municipal, no propósito de conscientizar a sociedade sobre a importância dos movimentos que ali estavam. Isso só comprovou que somos muito guerreiros mesmo”, afirmou.

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