Por Norian Segatto
Em 1948, na África do Sul, o Partido Nacional, de extrema direita, impôs o regime de Apartheid (segregação racial), estabelecendo uma série de restrições à maioria negra, em benefício de uma minoria branca. O regime durou 46 anos, até 1994, mas desde antes desse período a população negra já sofria com abusos e perseguições de maneira institucionalizada; a instauração do regime foi o ápice de um processo histórico de discriminação.
Ao longo dos anos a população foi resistindo e lutando. Em 21 de março de 1960, um protesto em Sharpeville contra a Lei do Passe foi brutalmente reprimido pelas forças do Estado, causando 69 mortes e mais de 180 pessoas feridas. A tal lei do passe, de 1945 obrigava negros/as a portarem uma carteira estabelecendo onde poderiam ir, a qual etnia pertenciam e profissão: um documento que qualquer agente da polícia podia exigir ser apresentado sob pena de detenção.
Seis anos após esse massacre, a ONU (Organização das Nações Unidas), instituiu o 21 de março como Dia Internacional contra a Discriminação Racial. No Brasil, a data ensejou o movimento “21 dias de ativismo contra o racismo”, que em 2023 completa sete anos. Desde o início do mês, centenas de atividades (debates, entrevistas, shows, saraus, manifestações políticas e culturais, seminários, exposição etc. etc.) buscam amplificar a reflexão sobre a necessidade constante de se lutar contra o racismo.
“A importância da reflexão histórica não só no sentido de relembrar o Movimento dos 21 dias de Ativismo contra o Racismo, mas promover ações conjuntas sobre o massacre que o colonialismo ocidental travou no mundo. O Dia Internacional do Combate à Discriminação Racial proclamado pela ONU a ser lembrado em 21 de março coloca o apartheid como ponto crucial da desigualdade dos Direitos Humanos nas esferas política, econômica, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública. O cenário diário que se apresenta a todo momento nos remete à premissa do desafio da equidade sociorracial que protagoniza a luta antirracista, inegavelmente, o nosso papel é ampliar condutas e desvelar (denunciar) os impactos maléficos do racismo, inclusive na saúde da população negra”, reflete Aurélia Rios, vice presidenta do SinPsi.
Este ano, a campanha foca no tema da defesa da democracia, abalada por quatro anos de governo genocida/fascista e pelas manifestações de 8 de janeiro em Brasília. “Combater o racismo estrutural é uma das formas de defender a democracia. Basta de cor suspeita”, afirma o diretor do SinPsi, Valter Martins.