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Golpe de 64: relembrar para não repetir

Por Norian Segatto

O golpe militar dado no dia 1º de abril de 1964 (as narrativas sempre tentaram emplacar a data como 31 de março, para evitar a piada pronta com o dia da mentira) foi um atentado contra toda a sociedade, ferindo de morte a incipiente democracia brasileira, que tentava se consolidar a trancos e barrancos após o fim da Segunda Guerra.

Sob o mantra de combater o comunismo (que até hoje procuramos onde está) e a corrupção, instalou-se um governo que censurou, prendeu, matou, pilhou as riquezas nacionais, perseguiu sistematicamente opositores, fechou o Congresso, impôs fome e miséria para os povos originários, enfim, tudo o que o ex-governo Bolsonaro tentou novamente fazer. O filósofo alemão Karl Marx, em sua obra O 18 Brumário de Luís Bonaparte, diz que “a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.

Imprensa pública independente

Um dos desserviços prestados pelo governo Bolsonaro foi tentar controlar a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), definir o conteúdo de programação a partir de seus interesses imediatos e desmontar a estrutura nacionalmente montada.

A EBC foi criada em 2007 como empresa pública de comunicação, com autonomia e independência para definir sua programação, sem estar atrelada aos interesses do governo de plantão.

A EBC quase sucumbiu, mas com o fim do governo genocida ganhou novo fôlego e continua prestando relevantes serviços. Vale conferir em seu site a programação.

Relembrando e refletindo sobre o golpe

De 27 de março a 2 de abril, a emissora exibe, o especial Passado Presente – Semana Ditadura e Democracia, com diversos programas que abordam várias facetas do período ditatorial militar no Brasil. Clique aqui para acessar os episódios.

Outras matérias e análises sobre o período podem ser acessados pelos links abaixo:

Ditadura: apoio ao golpe de 1964 beneficiou grandes empresários

Historiadores explicam disputa de narrativas sobre ditadura militar

Ditadura militar contribuiu para o genocídio dos povos indígenas

Comissão de anistia planeja revisar mais de 4 mil pedidos negados

Caminhada do silêncio

Neste domingo, 2abr, a partir das 15 horas, na Praça da Paz, no Parque do Ibirapuera, acontece a III Marcha do Silêncio, movimento para “descomemorar” o golpe de 1964. O “silêncio” proposto pelos organizadores da marcha remete à censura imposta no período militar, que buscou calar a imprensa, os opositores e todas as vozes da sociedade que clamavam por democracia.

“Em um certo sentido o silêncio imposto sobre os crimes da ditadura, o fato de não ter havido um justiça de reparação, desembocou no governo militarizado de Bolsonaro que engendrou o genocídio da pandemia de covid 19. Penso que conectar esses dois fatos históricos nos ajuda a entender a necessidade de não esquecer. Por memória, justiça e reparação de todos os crimes de estado”, avalia e conclama o presidente do SinPsi, Rogério Gianinni.

Apesar de oficialmente a ditadura militar ter terminado em 1985, seus ecos ainda ressoam na sociedade e alimentam sonhos extremistas que cultivam ódio e intolerância. Relembrar os 59 anos do golpe é uma forma de resistência para que o país não retome a história nem como farsa nem como tragédia.

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Foto: Fernando Frazão / Ag. Brasil