Nessa terça-feira (16), trabalhadores e representantes dos movimentos sociais ligados à comunicação se reuniram na sede do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo-CUT/SP para promover o Encontro Estadual de Comunicação da CUT/SP.
As discussões apontaram estratégias de ação para o 5.º Encontro Nacional da CUT (Enacom), de 15 a 17 de junho, e para a 1.ª Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo governo, que acontecerá de 01 a 03 de dezembro, em Brasília.
Para o presidente da CUT/SP, Adi Lima, é preciso consolidar e ampliar os mecanismos de diálogo com a sociedade. “Estamos presentes em todo o país e devemos aproveitar esse potencial para que não fiquemos falando para nós mesmos. Se soubermos explorar a nossa força para produzir informação, seremos capazes de potencializar nosso poder de mobilização e enfrentar o monopólio privado da comunicação”, disse.
*Como furar o bloqueio*
Secretária Nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, destacou que não é possível debater democracia sem falar sobre o acesso à informação. “A comunicação é fundamental na disputa pela hegemonia na sociedade e no fortalecimento da CUT. Cada conquista dos trabalhadores nos últimos 26 anos tem participação da Central, mas isso nem sempre é levado à sociedade pelos meios conservadores de comunicação”, criticou.
Daniel Reis, Secretário de Comunicação da CUT/SP, lembrou que nos dois últimos anos a Central Única dos Trabalhadores do Estado de São Paulo percorreu todas as subsedes no interior do Estado. “Fizemos uma avaliação das características regionais e pudemos analisar qual a forma mais adequada para abrir um canal de diálogo com a população. O que não devemos perder de vista é a importância de ampliar o alcance de meios como a Revista do Brasil, a Rede Brasil Atual (www.redebrasilatual.com.br) e o Jornal Brasil Atual (www.jornalbrasilatual.com.br)”, comentou, citando três dos projetos da CUT voltados à formação de uma nova sociedade.
As visitas serviram ainda para colher propostas e estabelecer prioridades para a área de comunicação, apontadas no 12.º Congresso Estadual da CUT/SP (Cecut): constituir uma rede de informação; consolidar a Rede Brasil Atual; transformar as secretarias de comunicação dos sindicatos em algo estratégico; estabelecer uma projeto de comunicação em parceria com os jovens trabalhadores; organizar o ramo de comunicação no Estado de São Paulo dentro da CUT/SP e formar uma rede nacional de comunicação em parceria com a CUT nacional.
*A Conferência e a nossa pauta*
Membro do Conselho Deliberativo do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC) e professor universitário de Jornalismo, Juliano Carvalho, acredita que o pequeno grupo de famílias que detém o poder sobre as emissoras de rádio e TV, jornais e revistas não querem discutir a comunicação porque afeta diretamente o controle sobre a população. “É algo que mexe com a consciência das pessoas, a relação que temos com a mídia é passiva. Não podemos negar que o conteúdo da TV influencia diretamente o comportamento moral, sexual, cultural e imprime uma forma consumista de agir”, criticou.
De acordo com Carvalho, o movimento sindical deve lutar para que a Conferência Nacional de Comunicação aborde formas de regulação do conteúdo da comunicação, a garantia de produção regional, o modelo privado, formas de controle e participação da sociedade nos canais de rádio e TV (que são concessões públicas), as rádios alternativas e comunitárias, a aplicação dos recursos públicos em propaganda e a digitalização das rádios.
Representante da Associação Brasileira de Comunicação (Abraço), Jerry Oliveira, acredita que as rádios comunitárias são perseguidas porque representa uma alternativa ao atual sistema de radiodifusão constituído durante o período do regime militar.
Paulo Salvador, da Rede Brasil Atual e da Revista do Brasil, ressalta que a Conferência é apenas o primeiro passo para iniciar a luta contra o monopólio. “A distribuição de materiais impressos, por exemplo, é um assunto que merece destaque porque está exclusivamente nas mãos da editora Abril. Por que não capacitar os Correios para criar um sistema de distribuição nacional próprio?”.
Ele ressalta ainda a necessidade de investir nos profissionais do movimento sindical e na formação de comunicadores, incluindo os dirigentes. “Não existe uma rede sem pessoas, é preciso investir nelas”.
Rosane acredita a Central deve priorizar as discussões sobre marco regulatório (financiamento e concessões de emissoras de rádio e TV), o controle social sobre o processo de convergência midiática – incluindo o repúdio ao projeto do senador tucano Eduardo Azeredo, que ataca a livre expressão na Internet – e o fortalecimento do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação, para criar um núcleo de comunicação após o encontro.