A experiência recente de diferentes formas de mobilizações dos trabalhadores do seguro social (INSS), deixam como herança uma enorme perplexidade e uma espantosa decepção em função do frontal ataque à democracia e da inflexibilidade como estes e suas entidades de classe foram tratados pelo governo federal.
A utilização do aparato judicial para intimidar e coibir o legitimo direito dos trabalhadores, as multas pesadas impostas aos sindicatos, o desconto dos dias parados, a utilização do código 28 que não caracteriza o exercício da greve e de danosas conseqüências na vida funcional dos funcionários, o assédio moral patrocinada por alguns gerentes e chefes de APS, o constrangimento imposto a alguns dirigentes sindicais pela Polícia Federal demonstram de forma inequívoca a truculência com que o governo federal tratou os trabalhadores e suas entidades num verdadeiro ataque à democracia e autonomia da classe em exercer o direito de greve inscrito na Constituição Federal de 1988, duramente conquistado ao final da ditadura militar e no início do processo de redemocratização do Brasil.
A contradição que se evidencia nesse processo, deve-se ao fato de que hoje vivemos e experiência da democracia e de que a direção do país, o poder central, tem a sua frente um governo democrático e popular, e que o principal líder desse governo é fruto da organização e das lutas do movimento sindical no embate com as forças conservadoras do período de autoritarismo da ditadura militar, portanto, todas essas pressões feitas aos trabalhadores e suas entidades não podem ser aceitas , e mais, tem que ser questionadas.
Nesse doloroso e violento processo de retaliação e pressão por parte do governo para impedir o democrático direito de greve, a FENASPS mais preocupada em patrocinar a disputa de base, esteve durante todo o período fazendo o serviço de confundir a categoria e de forma mesquinha a tentar desqualificar as ações da CNTSS, porem, nos bastidores pedindo para que a CNTSS ajudasse na interlocução junto ao governo e no encaminhamento das ações..
A disputa de idéias e de espaço é salutar e deve permear nossas organizações, mas mesmo as disputas devem ser pautadas na ética e no respeito à autonomia de cada entidade. Mentiras não ajudam na construção e no fortalecimento da luta dos trabalhadores. As diferentes formas de se organizar e atuar devem ser respeitadas por aqueles que se propõe a ser direção no movimento sindical.
Se a ética for, como deve ser o elemento principal a nortear nossas estratégias e ações, podemos sim divergir, entretanto, nossas divergências jamais irão servir para dividir e enfraquecer a luta da classe trabalhadora. Os autênticos dirigentes buscam os melhores resultados para classe, a divisão só interessa aos patrões e àqueles que querem a derrota dos trabalhadores..
Articular conjuntamente as ações e estratégias enquanto direção e publicamente detonar com outra entidade é papel a ser assumido por quem não tem responsabilidade com o movimento e não quer a vitória da categoria. A unidade se constrói com ações e na luta.
A CNTSS, entidade que também representa os trabalhadores da seguridade social está e continuará firme na luta em defesa da categoria, não abrirá mão de seus princípios e junto com todas as entidades que se propuserem a fazer a luta estará junto, com respeito e ética, pois assim é que se faz a luta e se chega à vitória.