Em assembleia no último dia 10, os trabalhadores da Fundação Casa (ex-Febem) deram uma resposta ao descaso com que o governador José Serra trata os servidores públicos e decretaram estado de greve.
A decisão foi uma resposta a aula de desrespeito que a gestão Serra deu ao funcionalismo. No dia 4 de julho, o pessoal da Fundação iria iniciar uma paralisação por tempo indeterminado para exigir aumento real de 16,32% de reajuste salarial, implementação de um plano de cargos, carreiras e salários, curso de formação, respeito à data-base do funcionalismo (1.º de março), além de outros 83 itens presentes na lista de reivindicações.
Porém, o Ministério Público (MP) resolveu intervir e a fazer aquilo que o governador não faz: dialogar. Com isso, a categoria resolveu manter as atividades.
Apesar de não poder discutir as cláusulas econômicas, o MP debateu as cláusulas sociais e após 10 audiências, definiu ao lado dos trabalhadores 35 pontos fundamentais como a redução da jornada para os técnicos (assistentes sociais, psicólogos e enfermeiros), que hoje cumprem oito horas diárias e passariam para seis.
De forma surpreendente, em audiência para a qual foi convocada no dia 8 de outubro, a Fundação Casa enviou um representante para dizer que a proposta salarial era de 4,22% e que a aprovação das tão debatidas cláusulas sociais não era garantida. Dependeria da aprovação do Codec (Conselho de Defesa dos Capitais do Estado de São Paulo), órgão ligado à Secretária da Fazenda.
“Mais uma vez o governo tenta nos enrolar e jogar para debaixo do tapete a negociação com o funcionalismo. Estamos cansados dessa desvalorização. Convivemos com a política do sucateamento e da precarização. Não vamos mais aceitar isso”, afirmou Maria Gusmão Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e a Família do Estado de São Paulo (Sitraemfa).
Segundo a presidente da entidade que representa cerca de 10 mil trabalhadores, nos próximos 30 dias o Sitraemfa irá conversar com os servidores da Fundação Casa para fortalecer a mobilização.
“Até o dia 10 de novembro, discutiremos com nossos companheiros e companheiras para ampliar nossa capacidade de luta. Caso o governo não acene com uma proposta decente, iremos cruzar os braços”, destaca Maria Gusmão.