Em uma sala escura, imagens e depoimentos se misturavam na tela contínua para retratar a luta pelos direitos humanos no país. A Sala Vladimir Herzog, montada no Pavilhão Norte, emocionou todos os visitantes. O espaço foi inaugurado simbolicamente em 21 de setembro por Ivo Herzog, filho do jornalista morto durante a ditadura militar, o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Humberto Verona, e a coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CFP, Ana Luiza Castro.
O espaço recebeu o nome do jornalista porque ele é um símbolo da luta pelos direitos humanos no país. Herzog morreu nos porões do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), em 1975. Na sala, a exibição do filme tratava dos principais temas de direitos humanos no Brasil, como a luta antimanicomial, o direito de crianças e adolescentes, o combate à homofobia, a luta pela reforma agrária, entre outros.
Engenheiro por formação, Ivo hoje comanda o Instituto Vladimir Herzog, criado para tratar de temas ligados aos direitos humanos e à história recente do país. Ele conta que a ideia do instituto surgiu após quatro anos de análise. “A Psicologia é muito importante na minha vida. Quando meu pai faleceu, eu tinha nove anos, fiz tratamento. Mais recentemente, fiz quatro anos de análise, o que possibilitou a criação do Instituto Vladimir Herzog”.
Para ele, a homenagem ao pai durante a 2ª Mostra representou uma grande honra. “Saber que a figura do meu pai é uma referência e ajuda a agregar a discussão sobre direitos humanos na psicologia, a gente vê que aquele preço que a gente pagou está trazendo mais contribuições para a sociedade”, disse.
Do lado de fora do espaço, além de frases de renomados pensadores, como Claude Lévi-Strauss e Michel Foucault, tinha uma área chamada “Deixe suas impressões”, onde os participantes escreveram em um mural o que sentiram e pensaram durante a exibição do filme. Após o vídeo, Ivo escreveu a frase “Direitos humanos, nossos direitos”.
Durante a solenidade, o presidente do CFP, Humberto Verona, se emocionou ao lembrar da trajetória dos direitos humanos no Brasil. Segundo ele, a sociedade não pode se desenvolver sem se preocupar com as questões da garantia dos direitos sociais. “Acho que todos estamos marcados eternamente por esse compromisso pela resistência, luta, Justiça e vida digna. Nós, psicólogos, temos obrigação de denunciar essas violações.”
A Sala Vladimir Herzog foi um dos principais destaques da 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia. Os visitantes que passaram pelo local também saíram emocionados após assistirem ao vídeo que trata de ações de promoção e defesa dos direitos humanos por psicólogos no Brasil.
Foi o caso da estudante Franciele Fernandes, que veio de Vitória da Conquista, na Bahia, e achou o espaço Vladmir Herzog muito bem elaborado. “Os coordenadores dessa sala fizeram esse vídeo com um proposito de misturar todas essas diversidades que resultam na busca pelos direitos humanos, desde a luta antimanicomial ao direito dos índios, tudo isso busca o bem comum”.