Fila das creches em São Paulo já alcança um total de 145.221 mães esperando por uma vaga para o seu filho/a
Valdete Souza Meira, 46 anos, acorda às cinco e meia da manhã todos os dias no Jardim Miriam, periferia da zona sul de São Paulo. Ela, mulher negra e doméstica, espera há três anos uma vaga na creche para a sua filhinha, Ana Júlia. A falta de creche afeta toda a dinâmica da vida familiar porque obriga as suas outras duas filhas, em idade escolar, a cuidarem da irmã. Se tivesse que pagar uma cuidadora ou uma escola privada, ela teria que gastar em média R$ 300 mas, se fizesse isso, não teria sequer como comprar comida.
Essa história poderia ser apenas o retrato de um personagem isolado de uma grande metrópole, mas, infelizmente, é o retrato de milhares de famílias em todo o Estado de São Paulo. A demora na construção de creches públicas é um dos principais problemas da atualidade e mulheres como dona Val são as que enfrentam com maior dificuldade esta situação, seja na busca de uma oportunidade de trabalho ou na luta para se manter onde já atuam. Isso porque são elas as grandes responsáveis pelo cuidado dos filhos, dos netos e da vida doméstica.
Segundo dados de junho deste ano da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, das 711 mil crianças de 0 a 3 anos moradoras do município – confirmadas pelo último censo do IBGE 2010, somente 29% são atendidas. A cidade está acima da meta nacional (18%) quanto ao atendimento, mas muito aquém das necessidades de sua população e a fila já alcança um total de 145.221 mães esperando por uma vaga.
A prefeitura é que deve responder por isso, mas infelizmente o descaso com a educação de maneira geral e com a infantil, em especial, só aumenta. Há cerca de dois anos, o governo federal disponibilizou R$ 240 milhões para a construção de 172 creches em São Paulo, contudo, o prefeito recusou a ajuda com a alegação de que faltam terrenos disponíveis na cidade.
É por isso que a CUT defende como prioridade a criação de creches e a ampliação de vagas nestas eleições.
