São Paulo – As centrais sindicais pretendem realizar em 30 de agosto um ato “mais forte” do que em 11 de julho, e alguns dirigentes já falam em organizar uma greve geral pelo atendimento da pauta trabalhista. Em reunião realizada hoje (29) na sede da UGT, em São Paulo, os sindicalistas discutiram a organização para o ato do próximo dia 6, contra projeto de lei sobre terceirização, e do dia 30. “Vamos fazer um pouco mais forte”, afirma o presidente da UGT, Ricardo Patah, sobre o dia 30, chamado de dia de paralisação nacional. “A ideia é protestar contra a inércia do governo.”
Entre os diversos temas da pauta, três se destacam: terceirização (contra o Projeto de Lei 4.330, de 2004), fim do fator previdenciário e redução da jornada para 40 horas semanais. Segundo Patah, as centrais esperam novo convite do governo para continuar a conversar. “Estamos aguardando. O governo esteve se dedicando à visita do papa”, diz o dirigente, com ceticismo. “Não acreditamos que o governo vá nos atender.” Por isso, a greve geral torna-se uma possibilidade mais concreta – segundo Patah, o assunto “já está sendo articulado”.
O último encontro entre a presidenta Dilma Rousseff e os líderes das centrais ocorreu há pouco mais de um mês, em 26 de junho, ainda sob impacto mais forte das manifestações de rua. Naquele momento, a conversa se concentrou no tema reforma política.
Os atos do dia 6 deverão ser realizados diante das entidades patronais, com destaque para a sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na avenida Paulista. Segundo o secretário de Administração e Finanças da CUT, Quintino Severo, a entidade dará “muita atenção” ao protesto contra o projeto da terceirização. “O centro neste momento é evitar que esse projeto (4.330) seja votado da forma como está.” O dirigente faz uma avaliação negativa do andamento das discussões na comissão quadripartite formada para discutir o tema. “Estamos apostando, mas o empresariado tem dado sinais de que não quer um acordo”, afirma, fazendo ainda referência a uma proposta paralela já apresentada pelo senador Armando Monteiro (PTB-PE), ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), segundo Quintino “ainda pior” que a original.
Em relação ao dia 30, a ideia é dar foco na parada de atividades nas empresas, para dar uma posição mais clara “da necessidade de um retorno, pressionando o governo e o Congresso Nacional” pela pauta trabalhista. “Nossa expectativa é parar mesmo a produção”, diz Quintino. Sobre uma possível greve geral mais adiante, ele avalia que não há “clima” agora, mas essa possibilidade não é excluída, “dependendo da sociedade e dos trabalhadores e do andamento das negociações” em Brasília. “É algo a ser construído.”
Amanhã, as instâncias estaduais das centrais reúnem-se, também na sede da UGT, para discutir a organização dos protestos.