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IDH estável, queda da renda, mais pobreza: retratos do Brasil

Segundo relatório, tendência de crescimento exibida em anos anteriores teve “inflexão” causada pela diminuição de renda. São Paulo foi um dos estados com queda. Houve “avanços importantes” até 2010

 O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) ficou praticamente estável de 2016 para 2017, passando de 0,776 para 0,778, sendo 1 a maior unidade. Apesar de uma tendência de avanço, há uma “inflexão” no ritmo de crescimento causada pela diminuição da renda, “que veio acompanhada do aumento da pobreza no país”, aponta relatório divulgado nessa terça-feira (16). Os dados mostram leve redução da renda domiciliar e aumento da proporção de pessoas na extrema pobreza, com estagnação do índice de Gini, que mede a desigualdade, em 0,55 – quanto mais perto de zero, menor a desigualdade.

Divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil, pela Fundação João Pinheiro (FJP) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados do IBGE, o Radar IDHM mostra queda de 0,92% no valor da renda per capita em 2017 (para R$ 834,31), o que levou a uma leve retração do índice relativo à renda, de 0,748 para 0,747. Já o índice de longevidade subiu de 0,845 para 0,850, com o aumento da esperança de vida para 75,99 anos. E o da educação também cresceu, de 0,739 para 0,742.

A proporção de pessoas na extrema pobreza aumentou de 5,15% para 5,96%. E a de “vulneráveis a pobreza” subiu de 24,47% para 24,98%.

As entidades destacam “avanços importantes” nos indicadores de desenvolvimento humano entre 2000 e 2010, período que compreende o final da gestão FHC e todo o governo Lula.

“No Brasil, por exemplo, ainda que ótimos resultados tenham sido alcançados na redução da pobreza, é possível identificar uma nova tendência, de aumento desta, ou seja, de redução da renda per capita da população, com o ingresso de pessoas na situação de pobreza e uma estagnação no índice de Gini. No país, embora tenha ocorrido a redução das desigualdades entre os diferentes grupos sociais, ainda é bastante evidente a existência das disparidades regionais”, afirma o relatório.

Houve pequena redução na desigualdade entre brancos e negros, de acordo com o relatório. O IDHM da população branca recuou de 0,819 para 0,817, enquanto o da negra subiu de 0,728 para 0,732. Mesmo assim, o primeiro grupo continua ganhando quase duas vezes mais, em média: R$ 1.144,76 entre os brancos, ante R$ 580,79 entre os negros.

No recorte por sexo, caiu a renda média do trabalho tanto de homens (calculada em R$ 1.543,21) como de mulheres (R$ 1.165,59). A esperança de vida da população masculina era de 72,46 anos e da feminina, 79,56 anos.

Seis das 27 unidades da federação tiveram queda em 2017. Uma dessas quedas foi registrada no estado mais rico, São Paulo, que perdeu 0,005 e foi a 0,837. Mas as entidades lembram que “as disparidades interestaduais e regionais ainda são grandes, com o IDHM atingindo 0,850 no Distrito Federal e e 0,837 em São Paulo e 0,687 no Maranhão e 0,683 em Alagoas.

“Espera-se que os resultados trazidos pelo Radar IDHM e pela análise de tendências deles decorrente estimulem o desenho e a implementação de políticas públicas que contribuam para gerar avanços na realidade social e econômica do país, com redução das desigualdades socioespaciais, de gênero e de raça, bem como a ampliação das oportunidades de inclusão social, visando ao desenvolvimento humano sustentável da população brasileira”, afirmam as entidades no final do relatório, cujo conteúdo pode ser acessado aqui.

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