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A Paulista grita: Fora Temer, Fora PEC 55 e Diretas Já

“O povo quer votar”, diz Vagner Freitas, que esteve em ato ontem, com mais de 40 mil pessoas, contra os descalabros do governo golpista

Muitos achavam que a única grande concentração ontem na Avenida Paulista seria a da torcida palmeirense, campeã brasileira. Mas bem antes da confirmação do título, as duas pistas estavam tomadas por uma multidão calculada em mais de 40 mil pessoas. O vermelho era a cor predominante.

Foi mais um ato popular contra o governo golpista de Temer, desta feita puxado pela Frente Povo sem Medo, do qual a CUT faz parte. Afundado cada vez mais na crise, especialmente depois das sérias denúncias de corrupção que atingem agora diretamente o ocupante ilegítimo do Planalto, o governo motivou a multidão a entoar o grito “Diretas Já”.

“A mobilização foi grande porque a Frente Povo sem Medo já havia organizado as ocupações dos sem-teto da cidade. Mas principalmente porque está se ampliando a indignação popular com os descalabros do governo Temer. E o povo está despertando para o perigo que representa a PEC do Fim do Mundo”, disse, em entrevista nesta segunda, o coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos. Ele fez referência à PEC 55, que provavelmente será votada amanhã pelo Senado, e que pretende paralisar os investimentos públicos em saúde e educação por 20 anos.

“O Brasil precisa se livrar dele”

Para o presidente da CUT Vagner Freitas, que esteve presente ao ato, “a CUT sempre estará nas mobilizações que defendem nenhum direito a menos, contra a PEC do Fim do Mundo e pelo ‘Fora Temer’”, disse, nesta segunda.

“O Brasil precisa se livrar dele (Temer), mas não com eleição indireta, no Congresso. O povo quer votar. O povo tem de escolher quem será o próximo presidente ou presidenta”, afirmou o presidente da CUT. “Ainda mais agora, que fica demonstrado que Temer pratica advocacia administrativa usando o cargo de presidente, prevaricando de maneira direta”.

Se Temer não cair antes do final do ano, e sua derrubada ocorrer em 2017, a legislação prevê que seu sucessor seriam os presidentes da Câmara e do Senado– atualmente Rodrigo Maia (PMDB-RJ), cujo fato de estar sob investigação seria um empecilho, assim como Renan Calheiros – ou, devido às circunstâncias, haveria eleição no chamado colégio eleitoral, a exemplo do que ocorreu em 1984, quando Tancredo Neves foi escolhido pelo voto de deputados e senadores. De qualquer maneira, muito provavelmente, o tema seria encaminhado ao sempre (im)previsível STF.

Se Temer cair até o final do ano, cabe a convocação de eleições diretas.

“Precisamos de eleição direta para que o Brasil volte a ter uma democracia representativa. A crise econômica não será resolvida com nenhuma medida, porque a crise política não permitirá”, afirma Vagner.

A manifestação de ontem também teve homenagens ao líder cubano Fidel Castro. Participaram lideranças como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o vereador eleito Eduardo Suplicy (PT-SP), Carina Vitral da UNE, Janeslei Albuquerque, da CUT, e outras. A mobilização, inicialmente, teria as presenças de Pepe Mujica e Lula. O fato de a agenda de ambos tê-los obrigado a cancelar as presenças não arrefeceu o ânimo dos militantes.

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