Luiz Carvalho
No dia 19 de junho, às 10h, em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, na altura do número 900 da Avenida Paulista, os trabalhadores irão às ruas para defender a Petrobrás como patrimônio brasileiro inegociável e parte essencial do processo de manutenção da soberania nacional.
Fundamental ao desenvolvimento do Brasil, a estatal é vítima dos ataques de quem aposta no “quanto pior, melhor”. A estratégia inclui prejudicar o financiamento às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que já favorecem milhões de brasileiros, paralisar o crescimento, já com vistas para as eleições do ano que vem, e principalmente, desvalorizar para depois poder justificar a venda, como a dobradinha PSDB/DEM (então PFL) fez muitas vezes com outras estatais brasileiras.
A Central Única dos Trabalhadores lembrará aos brasileiros dos oitos anos anteriores à gestão do presidente Luis Inácio Lula da Silva, quando tucanos e demos atuaram como um Robin Hood às avessas, entregando muitos dos bens nacionais a grupos estrangeiros. Apenas em São Paulo, o saldão tucano vendeu o Banespa – então principal banco de desenvolvimento do Estado – a Light, a Telesp e a Eletropaulo. Em âmbito nacional, privatizaram a mineradora Companhia Vale do Rio Doce e o setor de transporte (portos, estradas, transporte sobre trilhos) sem transparência alguma.
A herança privatista
As privatização acarretaram milhares de demissões, queda de qualidade no atendimento à população e aumento das tarifas. A prioridade deixou de ser o atendimento ao público e passou a ser o envio de lucro às matrizes das multinacionais.
No embate para passar ao Mercado a responsabilidade que deve ser do governo brasileiro e favorecer empresas aliadas, o PSDB e o DEM elegeram uma grande inimiga: a Petrobrás. Por mais de uma vez, FHC e os comparsas mandaram a cavalaria atacar a petrolífera.
O ápice da irresponsabilidade aconteceu em 2002, último ano do governo neoliberal do presidente tucano. A Petrobrás, que tinha 60 mil trabalhadores em 1989, observou um aumento incrível de acidentes e desastres ambientais, após reduzir esse quadro para 32 mil. O grande símbolo desse cenário foi o afundamento da Plataforma P-36, em março de 2001, na Bacia de Campos. Além do prejuízo de 1 bilhão de dólares, causou a morte de 11 trabalhadores e o vazamento de 1,5 milhão de litros de óleo no mar.
Quatro razões para manter a Petrobrás nas mãos dos brasileiros
1. Melhor petroleira do mundo
Definida como a petroleira mais sustentável do mundo em pesquisa da Management & Excellence, a Petrobrás irá aplicar R$ 72,258 bilhões em infraestrutura no Brasil (logística, construção civil, saneamento, transporte), somente em 2009. Atualmente, o lucro da empresa representa cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB). A Petrobrás também é referência no patrocínio a projetos que discutem a inclusão social e a diversidade.
2. Geração de mais de 1 milhão de empregos
Esse é o número de novos postos de trabalho que a Petrobrás deve gerar com o investimento de 174,4 bilhões de dólares até 2013. A previsão é que outras 777 mil vagas sejam criadas no Mercado com a elevação da renda e do poder de consumo dos novos empregados.
3. Pré-sal vai para educação, saúde e áreas sociais
Em 2007 o Brasil descobriu o maior campo de petróleo do país e terceiro maior do mundo, um ano após conseguir a autosuficiência na produção do combustível. A estimativa é extrair mais de 6 milhões de barris por dia, que devem render 216 bilhões anuais ao país. O presidente Lula já se comprometeu a direcionar o valor arrecadado prioritariamente à educação, saúde e áreas sociais.
4. Biocombustível: investimento em energia renovável
Neste ano, a Petrobrás investirá R$ 945 milhões na produção de biodiesel, uma fonte de energia renovável e menos poluente. A empresa também anunciou a expansão das usinas do biocombustível em Minas Gerais, Bahia e Ceará e deve construir uma nova na região Norte do país. Bom para a natureza e para os agricultores familiares. Cerca de 10 mil foram contratados para fornecer mamona e girassol, matérias-primas do combustível.
Em tempos de crise, Serra vai na contramão
O governador do Estado de São Paulo, José Serra, mostrou que entendeu direitinho os ensinamentos do ex-presidente FHC. Há dois anos, fechou um pacotão para a venda das 18 estatais paulistas que restaram.
Faziam parte do grupo Cesp, Nossa Caixa, Sabesp, Metrô, CDHU (desenvolvimento habitacional e urbano), CPTM (trens metropolitanos), Dersa, Emae (água e energia), Cosesp (seguros), CPP (parcerias), Cetesb (saneamento), Prodesp (processamento de dados), Imprensa Oficial, EMTU (transportes), CPOS (obras e serviços), IPT, Codasp (desenvolvimento agrícola) e Emplasa (planejamento).
Diante da pressão da Central Única dos Trabalhadores e de outros representantes dos movimentos sociais, Serra teve de recuar, negociando apenas a Nossa Caixa, felizmente adquirida pelo governo federal.
A grande lição que fica da atual crise mundial é a importância do Estado agir como fomentador do desenvolvimento. Porém, em São Paulo, a dupla PSDB/DEM prefere ir na contramão do crescimento com emprego e renda.