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Cinco anos do programa Mais Médicos: uma revolução no SUS

O programa, que já contou com cerca de 14 mil médicos cubanos espalhados pelo país, hoje tem em torno de oito mil

No último final de semana estive em Limeira, no interior de São Paulo – estado mais desenvolvido economicamente do nosso país, e que, proporcionalmente, foi o que mais recebeu profissionais do Programa Mais Médicos.

Fiquei impressionado com o que ouvi da população. Após quase cinco anos do lançamento do programa, sobretudo com o cenário atual, de congelamento de recursos para a saúde, fechamento de serviços e descompromissos de vários governos municipais e estaduais, ouvi que se não fossem os médicos do programa, talvez todas as unidades de saúde da cidade estariam fechadas.

Ouvi a população nos assentamentos rurais do Movimento Sem Terra falando dos atendimentos médicos a essa população, do fato de chegarem a cada canto da cidade; que é o que ouvimos em todo país.

Infelizmente, o Mais Médicos foi esvaziado depois do golpe. Só para vocês terem ideia: o programa já contou com cerca de 14 mil médicos cubanos espalhados pelo país e hoje esse número chega a cerca de oito mil.

O governo federal tem uma postura de atrasar a reposição dos profissionais que deixaram o programa nos municípios. O mais grave é que dentro da programação do Mais Médicos, havia um compromisso e planejamento para que, a partir de 2019, todo médico, depois de formado, se quisesse fazer residência médica, uma parte dela aconteceria nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da periferia e regiões remotas, sob a supervisão das universidades.

Teríamos um grande aporte de profissionais para Atenção Básica de nosso país.

O atual governo não deu os passos finais para isso. Suspendeu esse planejamento, reduziu a formação de preceptores e o envolvimento das universidades, o que faz com que o programa sobreviva única e exclusivamente pela capacidade e compromisso dos médicos envolvidos e de secretários municipais de saúde, de não perderem esses profissionais no momento em que tanto se perde na área da saúde.

O Mais Médicos começou uma revolução no SUS, no sentido de fortalecer a atenção primária em saúde, com um cuidado integral, focado nas pessoas e baseado nas comunidades. Começou, mas é muito importante a continuidade deste programa e continuarmos a revolução, com outras mudanças nas redes integradas de saúde.

Como por exemplo na cidade de Uberlândia, no estado de Minas Gerais, que até hoje o SAMU não havia sido totalmente implantado, entre outras coisas, pelo não compromisso do governo federal em bancar o custeio e ampliação do programa.

Por isso, em cinco anos do Mais Médicos, devemos comemorar pela ousadia do programa e pelas mudanças que ele provocou, mas ficar preocupados e alertas pelo freio de mão puxado pelo atual governo federal, que quer, na verdade, menos médicos para o Brasil.

 

*Alexandre Padilha é médico infectologista, vice-presidente do PT, ex-ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff e secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad (2014-2016)

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