Na manhã dessa segunda-feira (14), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, a Central Única dos Trabalhadores do Estado de São Paulo, com apoio da Subsede da CUT/SP em Sorocaba e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), promoveu um seminário para discutir o desenvolvimento local e as possibilidades de intervenção dos sindicatos Cutistas nas regiões.
O encontro contou ainda com a participação de representantes da Central, de sindicatos locais e de parlamentares paulistas.
Presidente da CUT/SP, Adi Lima, destacou que a atuação dos trabalhadores para definir um novo modelo de desenvolvimento para o Estado de São Paulo norteou as discussões do 12.º Congresso Estadual da CUT/SP (CECUT). “Esse tema está na nossa agenda e irá se desdobrar para os municípios. O sindicalismo brasileiro foi educado para reivindicar melhorias dentro do local de trabalho, mas queremos ir além dessa pauta. Lutaremos para criar fóruns que integrem trabalhadores, empregadores, entidades da sociedade e civil e representantes do poder público nas 17 regiões onde há subsedes da CUT/SP”, disse.
O dirigente destacou que o primeiro passo nas regiões do interior paulista será unificar os sindicatos Cutistas, os movimentos sociais e vereadores do campo popular e democrático. A seguir, a idéia é integrar prefeitos e empresários.
*Sindicato atuante*
A proposta da Central é resgatar um projeto semelhante ao que já foi adotado na região de Sorocaba, entre 1994 e 1996, como lembrou o ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, Carlos Gaspari. “Em 1992, duas concepções disputavam a direção do sindicato e nós queríamos uma entidade cidadã, que fosse além das campanhas salariais. Quando assumimos, estabelecemos um fórum onde passamos a discutir com a sociedade propostas de desenvolvimento sustentável para nossa região. Queremos retomar esse debate”, afirmou.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, Ademilson Terto da Silva, endossou as palavras de Adi Lima e destacou que “somente a integração de diversos segmentos da sociedade será capaz de garantir o avanço do fórum e a cobrança, fiscalização e implantação dos projetos apresentados”.
Deputado Estadual pelo PT, Hamilton Pereira, ressaltou que o crescimento deve vir acompanhado de “respeito ao meio-ambiente, valorização do trabalho e saneamento básico”.
Os vereadores do PT Francisco França e Izídio Correa destacaram que a disputa por espaço público passa pela disputa política. “Em plena crise, o Banco do Povo, que tinha R$ 2 milhões para investir, emprestou apenas R$ 38 mil, afetando principalmente o pequeno empresário”, disse Correa.
*A experiência do ABC*
Economista do Dieese, Zeíra Camargo falou sobre as experiências positivas dos consórcios intermunicipais da região do ABC, na Grande São Paulo. Ela destacou que a redução dos investimentos públicos, o fechamento das empresas, a guerra fiscal, a deficiência da infraestrutura e os problemas no sistema local de trânsito, no final dos anos 1980 e início dos 1990, fizeram com que a sociedade passasse a atuar em busca de alternativas para reverter a situação.
Em 1990, surgiu o consórcio intermunicipal do Grande ABC, que reuniu prefeitos com o objetivo de pensar políticas para a destinação do lixo e unificação de alíquotas de ISS (Imposto Sobre Serviços) para acabar com a guerra fiscal.
No ano seguinte, o Fórum Permanente de Discussões de Santo André abriu espaço para a participação da sociedade civil e em 2000, o seminário Fórum ABC no ano 2000 resultou na publicação de uma carta de intenções para a revitalização financeira da região.
No ano de 1997, surge a Câmara Regional do Grande ABC, para aproximar os governos estadual e federal e o Fórum da Cidadania do ABC, com parlamentares da região, que teve o papel de encaminhar soluções para o desenvolvimento regional, geração de empregos e renda.
“No auge da Câmara, no final da década de 1990, mais de 50 entidades participavam do consórcio”, destacou Zeíra.
Vice presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, atribuiu que a “crise dos anos 1990 criou condições para que diversos setores da sociedade se aproximassem e conversassem sobre a integração regional”.
Marques lembrou ainda dos resultados do Seminário Regioinal, em março de 2009, em São Bernardo do Campo. O evento formalizou a recriação da câmara regional que passou a ter como objetivo discutir crédito, emprego, relações de trabalho, tributos, mercados e potencialidades.
Uma nova carta endereçada ao presidente Lula foi formulada a partir das propostas do encontro.
“A maior parte dos governos conservadores não reconhece os sindicatos como entidades representativas da sociedade. Devemos buscar esse espaço, que é legítimo, na luta”, acredita Rafael Marques.
Próximos passos – Entre o final de outubro e início de novembro, a CUT/SP deve realizar um grande seminário sobre as parcerias entre trabalhadores, empresários, vereadores e prefeitos para discutir o desenvolvimento local.