Protesto chamou atenção para a superlotação dos meios de transporte público e as condições indignas que impõem à população, por falta de investimentos no setor por parte do governo paulista
São Paulo – Cerca de 5 mil trabalhadores e trabalhadoras participaram na manhã desta sexta-feira (29) do ato pela mobilidade urbana em São Paulo, promovido pela Central Única dos Trabalhadores Estadual São Paulo (CUT/SP) com apoio e participação de movimentos sociais e sindicatos. Os participantes exigiram mais investimentos e qualidade no transporte público, além de tarifas mais acessíveis e integração no transporte coletivo, e redução no valor dos pedágios que se multiplicam nas estradas paulistas.
Caminhando do MASP, na Avenida Paulista, até a Praça do Patriarca, no centro paulistano, a manifestação mostrava à frente uma alegoria que representava a lotação diária dos trens do metrô. Na avaliação de Adi dos Santos Lima, presidente da CUT/SP, o sucateamento do transporte coletivo é de responsabilidade do governo estadual e ressaltou que o descaso com a mobilidade é “uma falta de respeito com os trabalhadores e trabalhadoras e deveria ser tratada como crime hediondo” por ferir a dignidade e a qualidade de vida da população.
Só no Metrô, o governo estadual deixou de investir R$ 10,34 bilhões entre 1999 e 2011, de um total de R$ 22,85 bilhões previstos. Nos trens da CPTM o governo do PSDB deixou de investir R$ 1,1 bilhão entre 2003 e 2011 de um total de R$ 6,35 bilhões orçados. E quando decide investir, a administração estadual desperdiça dinheiro dos cofres públicos irresponsavelmente: em São Paulo, o custo de ampliação das redes do metrô chega a R$ 400 milhões por quilômetro, enquanto em Madri (Espanha) o mesmo trecho é construído por pouco mais de R$ 85 milhões. E nos serviços de “modernização” das linhas 1 – Azul e 3 – Vermelha, a reforma dos trens velhos está custando valor equivalente a 86% de um trem novo, em contratos de licitação que já estão sendo apurados pelo Ministério Público Estadual.
O dirigente chamou a atenção para o fato de que muitos trabalhadores e trabalhadoras estão perdendo benefícios e sendo demitidos devido aos atrasos na chegada ao trabalho, por conta das constantes falhas nos trens do Metrô e da CPTM.
Assista a cobertura do ato da CUT-SP feita pela TVT, clicando aqui.
Para Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o apagão é um dos principais problemas dos trabalhadores da categoria.
A dirigente disse anda que, além de perder em qualidade de vida, o empregado sofre diretamente no local de trabalho, seja na forma de represália e descontos por atraso ou até mesmo na desvalorização das conquistas salariais devido ao alto custo da tarifa que, em São Paulo, está entre as mais cara das capitais brasileiras.
A falta de planejamento urbanístico é outro agravante da mobilidade na cidade, conforme explicou Juvandia. “Não é possível que a população da zona leste tenha de se deslocar cerca de três horas para chegar ao trabalho. É preciso ter um olhar local para desenvolver bairros que estão afastados do Centro e fazer com que o trabalho e as políticas públicas cheguem até lá”, avaliou.
Durante a mobilização foram colhidas assinaturas do abaixo-assinado propondo a implantação do bilhete único em toda a região metropolitana, medida que reduziria significativamente o impacto da tarifa na renda dos trabalhadores. Atualmente, o bilhete só atende a população da capital e das cidades de Guarulhos e Campinas.