As manifestações de 7 de setembro e os discursos de Jair Bolsonaro pregando a quebra da institucionalidade democrática não são apenas arroubos de um ex-capitão que sonha ser ditador; é a manifestação de um projeto de “desdemocratização” do estado brasileiro, movimento que se iniciou com mais consistência nos atos de 2013, teve sua expressão máxima no golpe de 2016, que depôs a presidenta Dilma Rousseff, continuou com Michel Temer, que produziu uma reforma trabalhista ao sabor do patronato, teve sua encenação trágico/teatral com Moro e a Lava Jato, que atingiu o objetivo de retirar Lula da disputa eleitoral de 2018 e culminou no governo de inclinação fascista de Jair Bolsonaro, que passa a ameaçar diretamente a democracia, enquanto destrói o país e negligencia centenas de milhares de mortes causadas pelo negacionismo e interesses econômicos escusos.
As ameaças de Bolsonaro e do círculo militar mais retrógrado exigem da sociedade e dos movimentos organizados uma resposta contundente. Esse governo chegou ao limite, ou ele é contido imediatamente ou todas as instituições democráticas, o STF, o Congresso e as eleições estarão sob risco iminente.
O 7 de setembro, também, foi marcado por vigorosas manifestações contra a política econômica, contra as privatizações, o desmonte da saúde e pelo fim do governo Bolsonaro. Em São Paulo, mais de 50 mil pessoas compareceram ao Vale do Anhangabau para uma manifestação pacífica e contundente pelo impeachment de Bolsonaro.
Para salvar a frágil democracia brasileira de mais um golpe, temos tarefas urgentes e inadiáveis:
– As forças democráticas, partidos de esquerdas e setores progressistas têm de continuar nas ruas pressionando e exigindo o fim do governo Bolsonaro;
- O Congresso Nacional deve dar uma clara demonstração de que não aceita ser chantageado, abrindo imediatamente o processo de impeachment;
- O Supremo Tribunal Federal, OAB, juízes e todo o judiciário brasileiro devem se unir contra as tentativas de acabar com as instituições democráticas;
- Para garantir o estado de direito democrático é necessária a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva, que retire da atual Constituição o entulho autoritário que ainda vigora, como a tutela das forças armadas sobre a sociedade.
O momento é grave e requer toda a nossa atenção e mobilização. Não vamos aceitar retrocessos, contra as práticas fascistas nossa vacina é mobilização, luta e povo na rua.
Texto e foto: Norian Segatto