A CUT São Paulo promoveu nesta quinta (18) a oficina da capital do Dia do Trabalhador (a). Na atividade, que integra o conjunto de ações realizadas nas subsedes da Central em todo o Estado, foram debatidos os temas da produção, indústria, consumo consciente e recursos energéticos.
A primeira mesa, sobre Produção e Indústria, contou com a presença do secretário municipal do Trabalho e do Empreendedorismo, José Alexandre Sanches, e do técnico do Dieese, da subseção do ABC, Fausto Augusto Júnior. A mediação foi do secretário de Relações de Trabalho da CUT/SP, Rogério Giannini (ao centro da foto), também presidente do SinPsi.
Entre os assuntos, Júnior apresentou os dilemas do setor industrial no mundo e, especificamente, no Brasil. Segundo ele, ao analisar um mapa com as 100 maiores corporações transnacionais instaladas nos continentes, percebe-se que as sedes das principais cadeias industriais estão localizadas na América do Norte, na Europa e na Ásia, o que demonstra o lugar que cabe ao país.
“A participação do Brasil na produção industrial é ainda muito pequena. Enquanto a China quase triplicou a sua inserção nos últimos 10 anos, o nosso país responde com menos de 2% da riqueza gerada pela indústria no mundo”, afirmou Júnior.
Segundo o economista, ao se referir a exemplos em São Paulo e na região do ABC, muitos são os desafios para o país no setor industrial. “É preciso garantir o crescimento da demanda doméstica através da expansão do consumo e do investimento e assegurar que a crescente demanda doméstica seja atendida pela produção interna”, disse.
Na continuidade da mesa, o secretário José Alexandre Sanches, fez uma apresentação da proposta de desenvolvimento para a Cidade de São Paulo, de 2013 a 2016, na gestão de Fernando Haddad (PT). “Os recursos humanos são os verdadeiros patrimônios de nossa cidade, especialmente das empresas. Nossa secretaria propõe programas que levem isso em consideração. Procuramos dividir as nossas ações em desenvolvimento e empreendedorismo, que é onde se constrói emprego e renda”, apresentou.
De acordo com Sanches, Arco do Futuro é o nome dado ao conjunto das ações da prefeitura de São Paulo que, segundo ele, “coincide com as regiões da cidade onde o IDH está abaixo da média. São regiões populosas que não tem a infraestrutura que necessitam”.
Para o secretário, a indústria – que emprega 16% da mão de obra na cidade – é estratégica. “Ela demanda muitos serviços e, no mercado consumidor, é possível incorporar conhecimento por meio da produção. Queremos construir uma economia moderna, por isso vamos dar também apoio tecnológico”, afirmou ao se referir a programas que serão implantados na zona leste da capital.
Entre as ações, tiveram destaque os Núcleos de Desenvolvimento Locais, proposta da prefeitura que está sendo colocada em ação. Segundo o secretário, são entidades que congregam lideranças empresariais, sindicais e comunitárias de cada região, bem como a representação do poder público local. “Um dos objetivos é criar ambientes de articulação que permitam a busca de soluções para gargalos ao desenvolvimento local. Eles se alinham com a Agência São Paulo de Desenvolvimento, Casas do Empreendedor, Centros de Tecnologia e Inovação e Parques Tecnológicos”, explicou o secretário.
Na ocasião, a direção da CUT/SP, presente na atividade, falou de sua disposição em participar dos núcleos localizados nas diversas regiões da cidade e ressaltou a importância da presença da sociedade civil.
Na primeira parte dos debates, Sanches também destacou com importância o Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação. “É um grupo de pessoas que tem produzido ações relevantes. Há, inclusive, a proposta de uma Lei de Inovação com um fundo municipal de fomento – voltado para pequena e média empresa, que muitas vezes não tem sequer informações e acesso para se beneficiar”, concluiu.
Políticas energéticas e consumo responsável
À tarde, o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de São Paulo (Ftiuesp), Gentil de Freitas, falou sobre Consumo Consciente e Recursos Energéticos.
O dirigente lembrou que ao contrário da média das nações do mundo, que possuem 13% de matrizes energéticas renováveis, o Brasil conta com 45%, fator que confere grande potencial ao país, desde que aplicadas as políticas públicas adequadas.
Nesse aspecto, Gentil contrapôs o modelo de gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do ex-governador de São Paulo, Mário Covas, ao governo Lula/Dilma. Enquanto os tucanos apostavam na privatização, abusaram da falta de planejamento – fator responsável por apagões em 2001 e 2002 – e das altas tarifas, e investiram na ideia neoliberal de que o mercado resolve tudo, o governo do PT promoveu duas reformas políticas energéticas para garantir o abastecimento e o papel do Estado no planejamento setorial. Ainda, promoveu a inserção social no setor elétrico, especialmente por meio do programa Luz para Todos, que atendeu mais de 15 milhões de pessoas.
Para Gentil, não há maneira de transformar o modo de consumo e a utilização de recursos energéticos sem a participação do poder público, investindo em organização de cooperativas de reciclagem, na preservação e ampliação dos postos de trabalho no setor elétrico para garantir a excelência do serviço e mesmo tarefas simples como substituir o chuveiro elétrico por aquecedor solar.
Oficinas no Estado de São Paulo
Somam-se ao todo 18 oficinas regionais que fazem parte das atividades do 1º de Maio da CUT/SP, que tem como tema principal o Desenvolvimento Econômico e a Sustentabilidade.