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Diretoria do SinPsi faz curso de formação do DIEESE

Um fim de semana atípico e muito proveitoso para quem está no movimento sindical. Na noite desta sexta-feira (9/11) e ao longo do sábado, dia 10, a diretoria do SinPsi recebeu o curso de formação sindical do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), ministrado pelo assessor técnico Roberto Sugyama, com o apoio do assessor técnico Denis Oshima.

No início, cada um dos presentes falou um pouco de suas expectativas para o curso, umas vez que as demandas e ânsias de cada dirigente poderia variar, já que havia pessoas da capital e de cidades do interior, como Presidente Prudente, Sorocaba e Rio Claro.

A negociação coletiva trata de interesses de grupos sociais, que dá relevo a questões de legitimidade e representatividade das partes que negociam, dificultando, muitas vezes, o processo de tomada de decisão. Por isso, o sindicalista precisa ter consciência de que a negociação é para a categoria, não para causas individuais.

“É necessário capacitar as pessoas para a importante tarefa sindical da negociação. Eu espero tirar o máximo de proveito dos conceitos que serão trazidos”, comentou Fernanda Magano, dirigente do SinPsi e presidenta da Federação Nacional dos Psicólogos (FenaPSI).

Rogério, Giannini, presidente do sindicato, ressaltou a importância de ainda haver coisas novas a serem estudadas e conversadas, após tanta trajetória percorrida pelo SinPsi, que completa 40 anos em 2013.

“É legal que possamos produzir novidades, descobrir técnicas de argumentação e contra-argumentação em mesas de negociação”, observou Giannini.

Nos dois dias, diversas atividades serviram para estimular o cérebro a pensar fora dos padrões a que todos estão convencionados. Esse desapego, segundo Sugyama, é mais que necessário no momento da negociação.

“Temos de pensar fora do quadrado quando discutimos alguma pauta. O trabalho no movimento sindical requer pensamentos alternativos. Quando vão para a negociação, muitos sindicalistas acham que o fato de estarem sentados à mesa já é o ápice da capacidade de negociação. Mas, se você não souber trabalhar o discurso, com pensamento organizativo, nada acontece”, explicou.

Organização, planejamento coletivo, mensuração de tempo, correlação de forças e táticas de negociação foram alguns dos temas abordados na formação.

Nova na direção do SinPsi, Marília Fernandez identificou que não dá para ficar só no debate das ações.

“Agora estou tendo um norte de como as coisas podem funcionar. Em reuniões de direção é comum falarmos das ações, mas muitas vezes deixamos de lado a metodologia para executá-las. Aqui estamos aprendendo a encaminhar essas ações. Um curso como esse dá segurança para o sindicato. E ainda podemos aproveitar para utilizar na profissão”, contou a psicóloga.

Estratégia e tática

Um dos pontos fortes da formação do DIEESE foi o estudo dos conceitos de estratégia e tática. A estratégia é o plano básico de ação para alcançar um objetivo, enquanto os meios pelos quais os planos são implantados compõem a tática, que deve trabalhar com fatores como informação, plano B, interlocutores preparados, boas relações, dentre outros.

“Gosto sempre de dizer uma coisa: o patrão quer o saber do funcionário. Ele paga qualquer preço por isso, mas não consegue. Por isso, nós, trabalhadores, já chegamos a uma mesa de negociação com pontos a nosso favor”, disse Sugyama.

Logo em seguida, a turma foi dividida em dois grupos – trabalhadores e patronal – para simulação de uma mesa de negociação. Todos foram orientados sobre a importância da existência de personagens estratégicos. Coordenador, observador, argumentador, secretário, pessoa de contato com a base e pessoa de contato com a imprensa são alguns deles.

Após a simulação, com muita tática e estratégia em um jogo teatral, vieram as avaliações.

“Ficou clara a necessidade de haver um padrão ou mesmo um roteiro de colocação da pauta da reunião, senão quem era para ficar na defensiva cresce e ataca. Muito legal a experiência”, disse o vice-presidente do sindicato, Arlindo Lourenço, que estava no grupo dos patrões.

“Acredito que a simulação representou bem o que encontraremos pela frente. Tudo o que o meu grupo discutiu antes do início da mesa ficou desorganizado e, por isso, ficamos fracos”, reconheceu a dirigente Valéria Lopes.

Segundo Denis Oshima, é essencial que as regras da mesa já estejam estipuladas antes dela começar.

“Quem vai falar, por quanto tempo, quantos contra-argumentos podem haver. Outra questão importante é o tempo. Quando a mesa se perde, é normal pedir um ‘break’, para os grupos se reorganizarem”, destacou.

Fernanda citou a estratégia de sair da zona de conforto. Acostumada a coordenar mesas de negociação, ela preferiu ficar de fora da simulação, para dar oportunidade da experiência a outros dirigentes.

“Confesso que foi difícil ver a mesa sendo conduzida de maneira que eu não faria, mas o exercício de mudança de lugar é mais do que válido”, disse.

Para o psicólogo dirigente Vinicius Saldanha, de Sorocaba, a atividade valeu por poder pensar o ponto de vista humano.

“Estamos falando aqui de vidas em jogo na negociação. Dali sair a decisão de qual será o salário de um pai de família, por exemplo. Isso me fez ver que a negociação é um jogo complexo de diferentes forças – o patrão e o trabalhador. A metodologia pode ser uma grande aliada nossa. Vale lembrar que nosso objetivo, mais do que vencer o jogo, é alcançar uma transformação social”, completou o sorocabano.

“Percebi que os papeis que cada um terá na mesa de negociação devem ser muito bem pré-definidos. Estamos envolvidos nessa realidade com acordos com prefeituras, secretarias, conselhos. Esse aprendizado nos fortalece diretamente. Para mim, ficou com gosto de ‘quero mais’”, afirmou Giannini, lembrando que nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro haverá mais uma edição do curso de formação do DIEESE.

Ao final, o coordenador demonstrou satisfação com o resultado.

“A categoria é fantástica! Aqui as pessoas gostam de falar e analisar, e isso fez o curso ter ótima receptividade. Todos participaram e entenderam a mensagem. O tema não é tão simples quanto parece, mas vejo que já demos o primeiro passo. Estou muito contente”, elogiou Sugyama.

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