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Festival Trans na zona sul de SP debate o que é ser LGBT na periferia

Programação que envolve temas LGBT, toda gratuita, apresenta espetáculos teatrais e de dança, além de oficinas e documentários, entre hoje e o próximo dia 28, no Grajaú

São Paulo – Começa hoje (6) e vai até o próximo dia 28 o 1º Festival Periferia Trans, que ocupará dois espaços culturais na zona sul da capital paulista com apresentações de teatro, música, dança e debates, tendo como tema principal o dia a dia e o que significa ser lésbica, gay, bissexual ou transexual (LGBT) fora do centro da cidade. Toda a programação é gratuita.

Para os organizadores do evento, que conta com incentivo do Programa de Ação Cultural LGBT (Proac-LGBT), o festival abre espaço para juntar essa população nas periferias e possibilitar a articulação de uma pauta própria. “A gente sempre tem que ir para o centro para participar da luta LGBT. Como estamos em uma companhia de teatro instalada aqui, decidimos trazer esse debate para cá. Não como catequizadores, mas para potencializar o que já acontece. Para a gente estar junto”, afirma o ator Bruno César Lopes, da Cia. Humbalada, um dos idealizadores do festival.

Entre as atrações, estão grupos e artistas com atuação no centro e na periferia. “Fomos conversando com amigos para saber o que a dança e o teatro estavam debatendo sobre a questão LGBT para montar a programação”, explica Bruno.

Apesar do fortalecimento da visão conservadora de certas igrejas, o que tem peso maior nas periferias, onde está concentrado o maior número de templos, a juventude LGBT tem conquistado o direito a espaços para expor personalidades e afetividades, não só em tradicionais circuitos centrais da cidade, como o Largo do Arouche e as ruas Frei Caneca e Augusta, mas também em suas “quebradas”. Apesar das diferentes formas de manifestação contra a opressão “homolestransfóbica”, a pauta ainda é tocada a partir do Centro.

A abertura, que ocorre hoje (6), a partir das 21h, fica por conta do show da MC Luana Hansen, que pauta a presença da mulher no Hip Hop. “Acho que, se vierem mais mulheres tomando a frente da coisa, a gente com certeza vai mudar um pouco a cara do rap”, disse a artista, para o site Periferia em Movimento.

Amanhã é a vez do Grupo Os Crespos, que apresentará a peça Cartas à Madame Satã. A peça esteve em cartaz no ano passado em importantes salas de teatro da cidade e debate a sexualidade e afetividade do negro. Na peça, a personagem do ator Sidney Santiago Kuanza se corresponde com Madame Satã, personagem dos becos da Lapa carioca da primeira metade do século 20.

No dia 19, a educadora Paula Beatriz participa do debate “Por uma Pedagogia Sexual”. Paula é uma mulher trans e diretora de uma escola no Capão Redondo, zona sul.

As apresentações ocorrem na Fábrica de Criatividade, no Capão Redondo, e na sede da Cia. Humbalada, próxima ao Terminal Grajaú, onde também há espetáculos programados. “Estamos nessa região há dez anos. Nunca sofremos nenhum tipo de repressão, mas também nunca tivemos nenhum tipo de aceitação. Agora, estou curioso para saber como será a recepção das apresentações que vão acontecer na rua”, afirma Bruno.

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