Ato será ao meio-dia, em frente ao prédio do Ministério da Saúde*
“Não cabe todo mundo dentro da sede do SinPsi? Sem problemas. Vamos pra rua!” Foi com esse espírito de luta que mais de cem militantes da Luta Antimanicomial se reuniram em frente ao Sindicato dos Psicólogos na noite dessa segunda-feira, 14 de dezembro.
O objetivo era deliberar ações reivindicatórias à nomeação do psiquiatra Valencius Wurch ao cargo de coordenador de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, anunciada pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, no último dia 10.
Após quase três horas de conversa, foi montada uma agenda de mobilização a curto, médio e longo prazos. A primeira mobilização já acontecerá nesta sexta-feira, dia 18, ao meio-dia, em frente ao escritório do Ministério da Saúde, à Av. 9 de Julho, 611, no bairro Bela Vista. A ideia é mobilizar todos os estados brasileiros à mobilização no mesmo dia, antes do possível recesso parlamentar.
* No dia 18, todos podem levar camisetas brancas, pois haverá tela de tinta para customizar igual a camiseta da foto
Estiveram presentes profissionais da capital, de São Bernardo, Santo André, Guarulhos, Carapicuíba, Mauá e Campinas, município que tem se destacado pela forte mobilização e pelo apoio de representantes do poder Legislativo.
“Estamos há décadas mostrando que o melhor cuidado é o cuidado em liberdade, o cuidado inclusivo, em rede de atenção psicossocial. Queremos avanços, não retrocesso. Por isso estamos aqui, para planejar nossa agenda de lutas em defesa dessa rede de atenção psicossocial e de uma reforma psiquiátrica antimanicomial”, afirmou Moacyr Bertolino, no início da reunião.
Segundo Moacyr, é necessário voltar a conversar sobre reforma psiquiátrica no cotidiano dos serviços. Ele leu carta escrita pelo Conselho Gestor do CAPS Itaim, levada por Célia, usuária, conselheira gestora e trabalhadora do empreendimento solidário Bar Bibitantã. O documento exige que o Ministro da Saúde decline de sua indicação.
Na ocasião, também foi lida e aprovada a carta da Frente Antimanicomial, de nome “Manicômio nunca mais – por uma democracia antimanicomial”.
Os presentes citaram o evento promovido pela Rede HumanizaSUS, o Abraça a RAPS, que havia ocorrido às 14h daquele mesmo dia, em todo o Brasil, pela defesa da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e da Reforma Psiquiátrica.
A psicóloga Cris Marçal, de Santo André, resgatou a proposta inicial da Luta Antimanicomial e propôs uma construção da luta com os próprios usuários.
“A internet é muito importante, mas é na rua que a mobilização e a transformação acontecem. Querem fechar nossos serviços e deixar nossos usuários à mercê? A luta acontece no cotidiano. Devemos pensar em que mundo é esse sem manicômios. É onde a gente vai se encontrar e poder construir uma vivência nas nossas diferenças, que se dá nos espaços públicos e coletivos, não nos privados”, disse.
Confira abaixo os encaminhamentos, com foco em ações a cada dia 18 do mês, até o dia 18 de maio, dia da Luta Antimanicomial:
• 16 de dezembro: Ocupar as manifestações em defesa da democracia e mostrar que se quer uma democracia antimanicomial
• 18 de dezembro: Ocupar os núcleos estaduais do Ministério da Saúde
• 18 de janeiro: manifestação no vão livre do MASP
• 18 de fevereiro: engrossar o bloco de carnaval Cordão Bibitantã
• 18 de março: marcha para Brasília
• 18 de abril: Audiência Pública com ato na Alesp
• 27 de abril: Ato pelo Dia Mundial da Saúde
• 18 de maio unificado, nacional, com o mote “Manicômio nunca mais: por uma democracia antimanicomial”
Ao final foram criadas comissões ampliadas, tais como secretaria, infraestrutura, comunicação e articulação política.
