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Investimento na saúde evita mortes e favorece crescimento econômico, afirma estudo britânico

Estudo do IPPP revela que mais de 130 mil vidas poderiam ter sido evitadas no Reino Unido se não fossem adotadas medidas de austeridade

No Reino Unido, mais de 130 mil mortes poderiam ter sido evitadas se medidas de austeridade não tivessem sido tomadas no país desde 2012. Estudo do Instituto britânico de Pesquisas de Políticas Públicas (IPPP) afirma que os cortes ocorridos em educação e em programas de promoção de saúde interromperam a redução de doenças preveníveis, no período de 1990 a 2012.

Ações preventivas não apenas melhoram a saúde mas também o crescimento econômico, tornam o sistema de saúde público mais sustentável e ajudam a produzir justiça social, indica o relatório intitulado “Fim ao jogo da Culpa: a necessidade de uma nova abordagem para a saúde pública e prevenção (de doenças)” .

“Há muitas evidências que mostram que a prevenção é um dos componentes de uma vida saudável. Mas a melhora da saúde promove também um aumento na participação da força de trabalho e na produtividade, o que leva a um aumento à riqueza de um país e, ao mesmo tempo, torna o sistema de saúde público mais sustentável”.

Entretanto, “uma década de austeridade resultou em cortes nos orçamentos da saúde pública, prevenção e saúde mental no Sistema de Saúde Nacional do Reino Unido, serviços oferecidos pelos governos nacional e local que ajudaram a melhorar a saúde nas duas décadas anteriores. As evidências são claras: para cada libra gasta com prevenção há um retorno médio de 14 libras”, afirma o documento.

Ao mesmo tempo, a queda nos investimentos fizeram com que quatro hábitos nocivos aumentassem entre as pessoas de todas as idades no Reino Unido: o uso do tabaco, o consumo excessivo de álcool, dietas pobres em nutrientes e o baixo nível de atividade física, sendo que estes dois fatores resultam em obesidade, indica a análise publicada no início de junho pelo IPPP.

Desenvolvimento das futuras gerações
Para entender o impacto do baixo investimento em prevenção, fica o exemplo do que ocorreu com a queda no financiamento da educação física nas escolas da Inglaterra. A educação física recebia, até 2017, 415 milhões de libras (2 bilhões de reais) vindas da receita fiscal do açúcar. Essa verba foi reduzida para para 100 milhões de libras desde então (pouco menos de 500 milhões de reais). A diminuição da prática de educação física nas escolas, devido aos cortes orçamentários, impacta no desenvolvimento físico, na promoção de hábitos saudáveis e na melhora das habilidades cognitivas e sociais das pessoas, mostra o estudo.

“Hábitos e estilo de vida saudáveis são formados na juventude. Com a queda no investimento da educação física, doenças preveníveis ou crônicas, como cardíacas, câncer do pulmão ou problemas nos rins tendem a aumentar”, assinala o IPPP.

Estado deve assumir o fardo
O estudo sugere ainda uma “nova estratégia radical de prevenção”, que exige um renovado e ampliado compromisso do papel do estado em prevenir doenças.

“Não podemos colocar o fardo da responsabilidade da prevenção exclusivamente nos indivíduos, enquanto fechamos os olhos para o ambiente social que faz com que um estilo de vida saudável seja difícil de alcançar. É preciso investir em saúde pública e assegurar que o governo assuma a maior responsabilidade para criar um ambiente saudável”, afirmou o pesquisador do IPPP, Dean Hochlaf, ao jornal inglês The Guardian.

 

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