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Mangueira vence carnaval no Rio louvando heróis dos ‘porões’ e Marielle Franco

Na comemoração, carnavalesco Leandro Vieira mandou recado para Bolsonaro: “O carnaval não é o que ele acha que é. O carnaval é isso e ele devia mostrar para o mundo o carnaval da Mangueira”

 A Mangueira conquistou seu 20º título do carnaval carioca, sagrando-se campeã após apuração encerrada no início da noite desta quarta-feira de Cinzas (7) no Sambódromo do Rio de Janeiro. O samba-enredo História pra ninar gente grande procurou louvar alguns heróis “de barracões”, pedindo pra tirar “a poeira dos porões”.

Em um dos versos, a tradicional escola carioca diz que “na luta é que a gente se encontra”. Fala de um país “que não está no retrato” e mostra negros e índios como símbolos da resistência.

O enredo (confira a letra ao final do texto) cita vários personagens, inclusive recentes, como a vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada há um ano. Mônica Benício, viúva de Marielle, desfilou pela escola. A vereadora também foi homenageada pela Vila Isabel, no Rio, e pela Vai-Vai, em São Paulo.

A cantora Alcione representou Dandara, companheira de Zumbi, outra personagem histórica do combate à escravidão. Leci Brandão é Luiza Mahin, guerreira que fugiu do flagelo da escravidão e lutou na revolta dos Malês. O veterano Nelson Sargento foi Zumbi dos Palmares.

“Aqui todo mundo tá vivo porque resiste”, declarou o carnavalesco Leandro Vieira, mandando também um recado ao presidente da República. “Carnaval é a festa do povo, é cultura popular.”

A disputa foi acirrada. Depois da Mangueira, que terminou com 270 pontos, a Viradouro terminou em segundo, com 269,7 pontos, e a tradicional Vila Isabel em terceiro, com 269,4. Portela e Salgueiro fecharam em quarto e quinto lugares, respectivamente (269,3 pontos). Foram rebaixadas a Imperatriz Leopoldinense e a Império Serrano.

Recado para Bolsonaro
Após a confirmação da vitória, o carnavalesco da Mangueira, Leandro Vieira, exaltou a resistência dos homens e mulheres do povo que o inspiraram para criar o enredo da escola.

“Fazer esse carnaval da Mangueira, é fazer um carnaval de representatividade. Esses homens e mulheres aqui são os heróis do meu enredo, que merecem sempre serem exaltados. Aqui mora o que tem de melhor nesse país. Aqui todo mundo está vivo porque resiste, porque se fosse por outros motivos, ninguém dava em nada”, afirmou.

O carnavalesco também aproveitou o momento para mandar um recado ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), envolvido em polêmicas durante o carnaval.

“É um recado político para o país todo, que tem que entender que isso aqui é importante. É um recado político também para o presidente mostrar que o carnaval é isso daqui, o carnaval é a festa do povo, o carnaval é cultura popular. O carnaval não é o que ele acha que é. O carnaval é isso e ele devia mostrar para o mundo o carnaval da Mangueira, o carnaval da arte, o carnaval da luta, o carnaval do povo e da cultura popular.”

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