4jul2025 Por Norian Segatto
A vida da pescadora, marisqueira e líder da resistência contra os portugueses, a baiana Maria Felipa de Oliveira é ainda cercada de lacunas históricas, a ponto de alguns historiadores questionarem se a personagem de fato existiu ou é fruto de lendas da oralidade local.
Não se sabe ao certo a data de nascimento de Maria Felipa, sua morte consta como o dia 4 de julho de 1873. Na ilha de Itaparica (BA),onde nasceu, liderou um grupo de centenas de pessoas, principalmente mulheres negras e indígenas nas batalhas contra os portugueses que atacaram a ilha entre 1822 e 1823. A narrativa oficial conta que em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I deu o famoso “grito do Ipiranga”, proclamando a independência do Brasil, meses antes, no entanto, um forte movimento de independência já ocorria na Bahia. Claro que os portugueses não deixariam a colônia de bom grado e por meses ocorreram confrontos em várias partes do país.

Segundo as crônicas orais, Maria Felipa, descendente de pessoas escravizadas vindas do Sudão, era uma mulher alta e corpulenta, capoeirista, que, com sua liderança local organizou os moradores da ilha para enfrentar os portugueses, chegando a incendiar embarcações durante a Batalha de Itaparica, ocorrida em janeiro de 1823. As narrativas contam, também, que as combatentes usavam folhas de cansanção (urtiga), típica da região, que em contato com a pele dos soldados portugueses causava coceira, irritação e sensação de queimação. Em 2 de julho de 1823, os portugueses foram finalmente expulsos da Bahia, data que vem ganhando cada vez mais espaço entre historiadores como a real proclamação da independência do país.
Em 26 de julho de 2018 Maria Felipa foi declarada Heroína da Pátria Brasileira pela Lei Federal nº 13.697, tendo seu nome inscrito no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria” juntamente com Maria Quitéria de Jesus Medeiros, Sóror Joana Angélica de Jesus, e João Francisco de Oliveira (João das Botas). No entanto, ainda há muito o que se pesquisar sobre a vida dessa guerreira negra.
A começar pelo seu próprio rosto, a representação que se encontra nesta matéria foi feita pela perita criminal e desenhista Filomena Orge, em 2004, a partir de uma série de pesquisas realizadas pela autora.
No mês em que se comemora o dia da mulher negra, latina e caribenha, relembrar Maria Felipa e outras tantas guerreiras de nossa história é um resgate necessário para se contrapor às clássicas narrativas coloniais.
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Fontes: Wikipédia / Correio24horas / BBC Brasil / PET história USP