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Médica que defendeu paciente em polêmica da ‘peleumonia’ sofre ataques racistas

A médica e cantora mineira Júlia Rocha – que chegou a participar do programa The Voice Brasil – publicou em seu Facebook, na última semana, um texto falando sobre a polêmica do médico que expôs na internet os erros cometidos por um paciente, que dizia “peleumonia” ao invés de pneumonia.

Após criticar a questão do preconceito linguístico, Júlia recebeu apoio de internautas e amigos na rede social. Mas com a viralização do post – compartilhado mais de 67 mil vezes –, a cantora acabou sendo vítima de uma onda de ataques racistas.

Um deles, inclusive, liderado por uma figura conhecida por xingar a presidenta Dilma Rousseff após queda de pressão durante uma entrevista, o gaúcho Milton Pires. Ele também já foi acusado de agredir uma colega de trabalho. O médico mantém um blog intitulado ‘Ataque Aberto’, onde costuma publicar textos misóginos, com discursos de ódio e, recentemente, de cunho racista.

Na página, Pires fez diversas ofensas à médica Júlia Rocha, sugerindo que a profissional faz parte de um grupo de “bandidos petistas” e de blogueiros pagos pelo partido. “Conheço o tipo… Esse é o tipo de gente que sai escrevendo que ‘agora é a vez da senzala’ e ‘a casa grande não admite’. Essa aberração NÃO é medica, nem preceptora, nem cantora, nem p… nenhuma”, escreveu.

     

Além dele, outros internautas se expressaram de forma racista contra a médica nos comentários da publicação. “Com vergonha da cor, essa tribufu oxigena a juba para parecer menos negra. Típico de esquerdista e mal-amada”, disse um. “Muito top esse cabelo ecológico, deve ter até mico leão dourado”, provocou outro.

Júlia postou uma cópia das ofensas e disse estar em choque: “Meu coração chega a doer só de pensar que esse é o mundo que minha filha ou meu filho viverá”.

Nota de repúdio

Nesta quarta-feira, 3/8, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro divulgou nota de repúdio aos atos racistas contra a médica. Leia abaixo:

“A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro repudia veementemente as agressões e atos de violência, ódio e racismo sofridos pela profissional de saúde Júlia Rocha, médica de Família e Comunidade de uma das nossas unidades de Atenção Primária.

Júlia atende pacientes todos os dias. De todas as classes. De todas as cores.

Júlia cumpre seu papel de médica. O papel de prevenir doenças. De orientar os pacientes.

De salvar vidas.

Júlia atende sem distinção de credo. Sem distição política. Sem distinção de escolaridade.

Mas Júlia sempre atende com dedicação e respeito.

Como deve ser.”

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