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Morre catador que tentou ajudar músico fuzilado pelo Exército no Rio

Luciano Almeida foi alvejado pelas costas quando tentou ajudar a família de Evaldo Rosa, que morreu ao ter o carro atingido por 82 tiros no dia 7

O catador de sucata Luciano Almeida, de 28 anos, morreu na madrugada de hoje (18), no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na zona norte do Rio de Janeiro. Ele passou por uma cirurgia no tórax, ontem (17), e não resistiu. Era casado com a também catadora Daiana Horrara, que está no quinto mês de gravidez. Ele foi alvejado por soldados do Exército com três tiros no dia 7, em Guadalupe, ao tentar ajudar a família do músico Evaldo Rosa, que teve o carro fuzilado com 82 tiros. Evaldo morreu na hora.

Também ontem, a Justiça do Rio de Janeiro determinou que Macedo fosse transferido para o Hospital Moacyr Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O pedido foi feito pela família dele, com o argumento de que o Hospital Carlos Chagas não tinha condições de tratar os ferimentos que ele sofreu no pulmão, pela falta de um cirurgião especializado para tratar do caso. A Secretaria Estadual de Saúde não cumpriu a decisão, alegando que a transferência não seria possível devido ao estado de saúde da vítima, considerado gravíssimo.

Até agora, as autoridades têm colecionado declarações infelizes sobre o caso. O Comando Militar do Leste (CML) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, trataram o caso como “incidente”. O governador Wilson Witzel disse que não poderia fazer “juízo de valor”, enquanto o presidente Jair Bolsonaro afirmou que “o Exército não matou ninguém” e que a responsabilidade pelo “incidente” estava sendo apurada.

Dos 12 militares do Exército que participaram da ação que resultou na morte de Evaldo, 10 foram afastados. Nove deles foram presos após prestar depoimento sobre a ação. Inicialmente, o CML informou que os militares haviam reagido a uma agressão de criminosos. Depois alegou ter recebido novas informações e mudou a versão. A Polícia Civil também realizou perícia no local e descartou que tivesse ocorrido confronto. A investigação do caso, no entanto, ficou com a Justiça Militar.

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